
Figura ímpar das nossas letras e ensaísta de reconhecido prestígio
Óscar Luso de Freitas Lopes nasceu a 2 de outubro de 1917 em Leça da Palmeira, no seio de uma família católica e conservadora da pequena - burguesia intelectual.
Frequentou o ensino básico em Leça, os então 1º e 2º ciclos do ensino secundário no Colégio da Boa nova, em Matosinhos, completando o 3º ciclo no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto, onde Óscar Lopes frequentou também o Instituto Britânico e o Conservatório de Música e onde continuou a aprofundar relações com os meios artísticos e intelectuais da cidade.
Frequentou o ensino básico em Leça, os então 1º e 2º ciclos do ensino secundário no Colégio da Boa nova, em Matosinhos, completando o 3º ciclo no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto, onde Óscar Lopes frequentou também o Instituto Britânico e o Conservatório de Música e onde continuou a aprofundar relações com os meios artísticos e intelectuais da cidade.
Como aconteceu com muitos jovens da mesma geração, uma série de acontecimentos históricos moldou a sua consciência política: por um lado, a «descrença nas formas de liberalismo económico e político, mais económico do que político» decorrente da grande crise mundial de 1929, e, por outra parte, o avassalador avanço do fascismo na Europa, cujo primeiro golpe com repercussões à escala internacional foi a derrota das forças democráticas e republicanas pelo exército de Franco e pela Direita na chamada Guerra Civil de Espanha (1936-1939) – esmagamento que contou com o apoio ativo de Salazar e do seu governo.
Ante as posições ambíguas e a complacência dos governos das principais democracias burguesas ocidentais, do outro lado da barricada apenas a União Soviética e o movimento comunista internacional davam mostras de uma resistência tenaz e consequente à progressão do fascismo. Esta a realidade que, a somar à agudização trágica desse combate na Segunda Guerra Mundial, terá determinado mais tarde a adesão sem reservas de Óscar Lopes aos ideais comunistas, numa firmeza de convicções que se manteve inabalável ao longo da vida.
Em 1941, licencia-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, mas a ânsia de saber e a curiosidade intelectual, que constituem um dos seus traços de carácter, levam-no a completar também a licenciatura em Ciências Historico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Primeiro em Vila Real, em Trás-os-Montes, depois nos liceus portuenses Alexandre Herculano e Rodrigues de Freitas, Óscar Lopes exerce a docência no Ensino Secundário até 1974, altura em que, já depois do 25 de abril, é chamado à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Militante comunista desde 1945, fez parte do Comité Central do Partido Comunista.
Foi animador do Teatro Experimental do Porto, apoiando a obra do seu fundador, António Pedro, através de cursos de literatura que ministrava aos candidatos a atores. Percorreu todo o país realizando conferências, colóquios e entrevistas.
Até ao 25 de abril e no quadro da resistência antifascista, a ação de Óscar Lopes, enquanto intelectual comunista, exerceu considerável influência, à escala nacional, em escritores, artistas e outros homens e mulheres da cultura e da ciência, bem como nos círculos de democratas que se opunham ao fascismo. Foi também figura de proa na dinamização da vida cultural e cívica do Porto, sobretudo entre os anos 50 e 70, desdobrando-se em palestras, em discursos proferidos em homenagens a várias personalidades e ainda na co-organização de eventos culturais, sempre fortemente vigiados e condicionados pela PIDE ou mesmo proibidos.
Importa lembrar que se sucederam, nesses tempos negros e difíceis, importantes iniciativas de luta do aparelho clandestino do PCP, muitas delas de suporte à intervenção legal ou semi-legal dos movimentos unitários antifascistas que emergiram a partir de meados dos anos 40, não obstante a implacável repressão do regime. É neste quadro de uma luta que se agudiza, e na qual Óscar Lopes tem participação ativa, que é demitido do seu lugar de professor e processado por atividades no movimento pela Paz.
Conteúdo atualizado em2016/06/2811:19