
Industrial, arqueólogo e etnógrafo
Um homem que dedicou grande parte da sua vida a estudar o Castro de Guifões e que viveu na busca do passado, pois queria preservar o futuro.
Um homem que dedicou grande parte da sua vida a estudar o Castro de Guifões e que viveu na busca do passado, pois queria preservar o futuro.
A década de 50 caracterizar-se-ia, ainda, pelo início dos trabalhos de Joaquim Neves dos Santos no Castro de Guifões.
A este estudioso local, autor de diversas intervenções arqueológicas naquele povoado, se devem os melhores trabalhos publicados até hoje sobre o referido castro. Desde logo, o primeiro volume de Guifões. Notas Arqueológicas, Históricas e Etnográficas, editado em 1955, todo ele consagrado ao Castrum Quiffiones e onde é apresentado algum do espólio por ele exumado nas suas escavações em Guifões.
A este estudioso local, autor de diversas intervenções arqueológicas naquele povoado, se devem os melhores trabalhos publicados até hoje sobre o referido castro. Desde logo, o primeiro volume de Guifões. Notas Arqueológicas, Históricas e Etnográficas, editado em 1955, todo ele consagrado ao Castrum Quiffiones e onde é apresentado algum do espólio por ele exumado nas suas escavações em Guifões.
Entre 1959 e 1963 Joaquim Neves dos Santos produz uma série de artigos e de comunicações aos Colóquios Portuenses de Arqueologia, sobre diversos temas relacionados com aquela estação arqueológica. É o caso de trabalhos sobre um altar com covinhas, sobre marcas “dedadas” em telhas romanas, sobre figurações serpentiformes e suásticas, ou sobre coberturas vitrificadas em louça doméstica.
A este investigador se devem ainda trabalhos sobre outros vestígios arqueológicos do concelho. Neste contexto, é de salientar uma obra muito esquecida e que, no entanto, é para a época uma exemplar Carta Arqueológica do Concelho: A Torre de Linhares na Época Romana, publicado em 1959.
Joaquim Neves dos Santos, pequeno industrial de Guifões, aliou a um grande gosto pelo passado e pela sua terra, um conhecimento exímio do território concelhio e da bibliografia até então publicada. Tais fatores permitiram-lhe proceder, de facto, a um levantamento muito exaustivo dos vestígios arqueológicos existentes em Matosinhos. E se hoje muitas das suas interpretações estão ultrapassadas – mercê do desenvolvimento da própria ciência –, se a sua técnica de escavação e registo deixava algo a desejar e se alguns dos indícios, nomeadamente toponímicos, por ele registados não corresponderão de facto a estruturas arqueológicas, também não deixa de ser verdade que hoje só temos acesso a alguns vestígios do passado matosinhense pelo que ele nos deixou descrito, uma vez que, devorados pelo crescimento urbano, desapareceram ao longo das últimas duas décadas.
Em 1969 Carlos Alberto Ferreira de Almeida publica um trabalho ainda hoje fundamental para qualquer estudo sobre o domínio romano nesta região – Romanização das Terras da Maia. Em 1975, de colaboração com Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Joaquim Neves dos Santos produziu o seu último trabalho de arqueologia, sobre cerâmica romana tardia encontrada em Guifões. Nos anos 80, as investigações limitaram-se quase só a algumas recolhas de materiais de superfície efetuadas pelo Instituto de Arqueologia da Universidade Portucalense.
Vai ser, no entanto, durante a década de 70 que se vão dar algumas transformações dramáticas no Monte Castêlo e na sua área envolvente. A acrópole do castro é quase toda arrasada para a construção de um campo de tiro e, ao mesmo tempo, o crescimento da urbanização, quase todo de forma clandestina, começa a invadir a área do castro. Apesar de classificado como imóvel de interesse público desde 1971, só em 1990 é que foi publicada a regulamentação da sua área de proteção.
Na sequência das intervenções arqueológicas que realizou no castro de Guifões durante os anos 60, Joaquim Neves dos Santos recolheu um vasto e significativo espólio. Fundamental para a compreensão desta estação arqueológica e para o conhecimento do passado mais remoto de Matosinhos, apesar de se encontrar descontextualizado, aquele acervo foi então recolhido em sua casa para estudo. Era objetivo daquele investigador a posterior criação de um museu arqueológico que salvaguardasse este material. Contudo, diversas vicissitudes impediram a concretização do seu sonho, nomeadamente a sua morte em 1979. Desde então aquele valioso espólio esteve recolhido na sua antiga residência e à guarda da sua família.
Conteúdo atualizado em2016/06/2811:19