
Suggia revela uma tendência prematura para a música e tem como primeiro professor de violoncelo o pai, Augusto Suggia, que reconhece na filha o seu imenso talento musical.
Outro registo biográfico, por Henri Gourdin
GUILHERMINA SUGGIA (PORTO, 1885 - PORTO, 1950)
VIOLONCELISTA
Nasceu no Porto em 1885, filha do professor de violoncelo, Augusto Suggia, mas, veio residir ainda na infância para Matosinhos, quando o pai, a convite da Santa Casa da Misericórdia é convidado para o cargo de professor nas escolas da localidade. É em Matosinhos, na Rua do Godinho, que Guilhermina se inicia nas aulas de violoncelo, sob as orientações de seu pai. E, é também em Matosinhos, no ano de 1892, aos 7 anos de idade, que se apresenta ao público, no salão da então distinta Assembleia de Matosinhos, causando grande assombro no público. Após este concerto, seguir-se-ão outros: no Clube da Foz, no Teatro Gil Vicente, no Grémio de Matosinhos, no Clube de Leça e em todas as temporadas artísticas do Orpheon do Porto, sempre com as melhores críticas. Fruto do seu forte empenho, talento e personalidade, será agraciada aos dezassete anos, pelo rei D. Carlos, com uma bolsa para continuar os seus estudos no Conservatório de Leipzig, onde teve como mestre Jules Klengel. Esta oportunidade de aprofundamento do que já havia aprendido com seu pai e com Pablo Casals, seu mestre, colega e companheiro de vida (até 1913), permite-lhe conhecer os grandes músicos europeus da altura, alargar horizontes e tornar-se na primeira e mais famosa violoncelista europeia do seu tempo, com uma carreira imparável de concertos por todas as grandes salas e teatros da Europa: Inglaterra, Bélgica, Holanda, Itália, Suíça, França, Espanha, Escandinávia, Rússia, Alemanha…e, claro, nas grandes salas de Portugal, fazendo vibrar o público, entusiasmado com as suas interpretações. Ela afirma-se felicíssima, agradece o delírio do público e, sempre incansável e profissional, repete várias vezes os concertos a pedido desse mesmo público. A sua carreira, não a faz esquecer as suas raízes, a sua terra, os seus familiares e amigos, que não pode visitar tantas vezes quanto deseja, porque é muito pouco o tempo livre que possui entre as temporadas de concertos, o estudo e as viagens. A sua carreira no estrangeiro só será interrompida durante a Segunda Guerra Mundial, dedicando-se Suggia, então já esposa do Dr. Carteado Mena, médico do Porto, ao ensino do violoncelo em Portugal. Regressará depois aos palcos. Em 1950 regressa a Portugal. Muito doente, morre na sua casa do Porto, na Rua da Alegria, 665, em 30 de julho de 1950.
O espólio Guilhermina Suggia existente na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, integra várias séries de documentos, entre as quais: manuscritos, correspondência pessoal e oficial, fotografias, muitos programas de concertos e alguns convites, recortes de jornais, revistas, certificados, cartazes e, outros, entre centenas de documentos.
IN: MATOSINHOS. Câmara Municipal, 15 Tesouros de Matosinhos: 500 anos do foral [1514-2014], p. 25