Primeiro e único Conde de Matosinhos, faz parte da nobreza de Portugal e foi um poeta português.
Francisco de Sá de Meneses nasceu no Porto, cerca de 1510, no seio da ilustre família dos Sás, alcaides-mores do Porto desde o século XIV.
É filho de João Rodrigues de Sá, ''"o Velho"'', poeta do Cancioneiro Geral, muito erudito, poliglota e tradutor de obras clássicas, e de Dª. Camila de Noronha. É irmão de Pantaleão de Sá de Meneses, capitão de Sofala, e primo do seu homónimo Francisco de Sá de Meneses, poeta épico que escreveu ''Malaca Conquistada''.
Embora não fosse o primogénito, veio a herdar toda a Casa e títulos de seu pai por ser, à morte deste, o filho mais velho vivo.
Por este motivo, Francisco de Sá foi alcaide-mor e capitão-mor do Porto, senhor de Aguiar de Sousa e Sever, de Bouças e dos quatro casais de Matosinhos, das comendas de Santiago do Cacém e Sines da Ordem de Santiago. Foi, também, camareiro-mor dos reis D. Sebastião, Cardeal D. Henrique e Filipe I de Portugal, capitão da guarda dos dois primeiros monarcas, conselheiro de Estado e governador do Reino em 1578 e, posteriormente, nomeado para o mesmo cargo por disposição testamentária de D. Henrique. Foi, ainda, provedor da Misericórdia do Porto e capitão-mor das fortalezas de S. João da Foz do Douro (que havia reconstruído à sua custa) e de Nossa Senhora das Neves de Leça de Matosinhos, reedificada pelo pai.
Em dezembro de 1580, Filipe I de Portugal deu-lhe o título de Conde de Matosinhos.
Faleceu por volta de 1583, sendo sepultado na igreja do Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Leça de Matosinhos, sem deixar descendência.
Francisco de Sá de Meneses, 1º Conde de Matosinhos, foi um reconhecido poeta do seu tempo, deixando os seus poemas dispersos por cancioneiros da época. Compôs com mestria sonetos, redondilhas, elegias e oitavas. É o poeta cantador do Rio Leça, que notabilizou nos seus versos.
Obra:
AO RIO DE LESSA – CANÇÃO
1.
Ó Rio de Lessa,
Como corres manço;
Se eu tiver descanço,
Em ti se começa.
2.
Sempre socegados
Vão teus movimentos:
Não te turbam ventos,
Nem tempos mudados.
3.
Corres por arêas,
E bosques sombrios:
Não te turbam rios,
Nem fontes alhêas.
4.
Nasces de hum penedo
Tosco, e descomposto:
A ti mostra o rosto
A manhãa mais cedo.
5.
A Aurora em nascendo,
Quando estás mais lizo,
Com alegre rizo,
Em ti se está vendo.
6.
Quando o mar não sôa,
E passam mil velas,
Em ti faz capelas
Com que se corôa.
7.
De álamos, cercados
De viçosa hera,
Sempre a Primavera
Corôa teus prados.
8.
Logram teus salgueiros
Mil tempos serenos:
Nunca serão menos
Os teus amieiros
9.
Por ti cantam aves
Só por te ver, quedas,
Mil cantigas ledas,
E versos suaves.
10.
De laços, e redes
Criam sem receio;
Seguras no seio
De teus bosques verdes.
11.
Dem-te as noites sono;
E com larga mão
Flores o Verão,
Fructos o Outono.
12.
Sombra no Estio,
Sem nenhum reguardo;
Neves dê ao prado
O Inverno frio.
13.
Por ti canta Abril,
Quanto cuida, e sonha,
Ora com samfonha,
Ora com rabil.
14.
Quando se levanta,
Quando o sol mais arde,
Assim canta á tarde,
Á noite assim canta.
15.
Para que são, Maio,
Tantas alegrias,
Pois teus longos dias
Passam como raio.
16.
Por muito que tardes,
São tardanças vãas:
Foram-se as manhãas,
Ir-se-hão as tardes.
17.
Para que te gabas
De teus vãos amores
Para que são flores,
Pois tão cedo acabas?
156 Lu.s de S. Fardilha
18.
Em espaço breve
Chega ao mar o Douro:
Os cabellos de ouro
Se fazem de neve.
19.
Ó rio de Lessa,
Fructos em Janeiro
Nasceráo primeiro
Que de ti me esqueça.
20.
Primeiro em Agosto
Nevará sem calma,
Que o tempo, desta alma
Aparte seu rosto.
21.
Algum tempo manço,
Deos o ordene assi,
Em que torne a ti
Com algum descanso.
Ó Rio de Lessa,
Como corres manço;
Se eu tiver descanço,
Em ti se começa.
2.
Sempre socegados
Vão teus movimentos:
Não te turbam ventos,
Nem tempos mudados.
3.
Corres por arêas,
E bosques sombrios:
Não te turbam rios,
Nem fontes alhêas.
4.
Nasces de hum penedo
Tosco, e descomposto:
A ti mostra o rosto
A manhãa mais cedo.
5.
A Aurora em nascendo,
Quando estás mais lizo,
Com alegre rizo,
Em ti se está vendo.
6.
Quando o mar não sôa,
E passam mil velas,
Em ti faz capelas
Com que se corôa.
7.
De álamos, cercados
De viçosa hera,
Sempre a Primavera
Corôa teus prados.
8.
Logram teus salgueiros
Mil tempos serenos:
Nunca serão menos
Os teus amieiros
9.
Por ti cantam aves
Só por te ver, quedas,
Mil cantigas ledas,
E versos suaves.
10.
De laços, e redes
Criam sem receio;
Seguras no seio
De teus bosques verdes.
11.
Dem-te as noites sono;
E com larga mão
Flores o Verão,
Fructos o Outono.
12.
Sombra no Estio,
Sem nenhum reguardo;
Neves dê ao prado
O Inverno frio.
13.
Por ti canta Abril,
Quanto cuida, e sonha,
Ora com samfonha,
Ora com rabil.
14.
Quando se levanta,
Quando o sol mais arde,
Assim canta á tarde,
Á noite assim canta.
15.
Para que são, Maio,
Tantas alegrias,
Pois teus longos dias
Passam como raio.
16.
Por muito que tardes,
São tardanças vãas:
Foram-se as manhãas,
Ir-se-hão as tardes.
17.
Para que te gabas
De teus vãos amores
Para que são flores,
Pois tão cedo acabas?
156 Lu.s de S. Fardilha
18.
Em espaço breve
Chega ao mar o Douro:
Os cabellos de ouro
Se fazem de neve.
19.
Ó rio de Lessa,
Fructos em Janeiro
Nasceráo primeiro
Que de ti me esqueça.
20.
Primeiro em Agosto
Nevará sem calma,
Que o tempo, desta alma
Aparte seu rosto.
21.
Algum tempo manço,
Deos o ordene assi,
Em que torne a ti
Com algum descanso.
Conteúdo atualizado em2016/06/2811:19