
Médico, professor catedrático, artista e escritor português. Fisiologista de renome mundial, insigne cientista, filósofo e artista talentoso.
Foi um artista no desenho, pintura, gravura e escultura, tendo deixado mais de 2.000 trabalhos. Nos últimos anos da sua vida dedicou-se a estudos filosóficos e expôs uma interpretação original da evolução da Arte, do Pensamento e da História.
Filho mais velho de Adolfo Barroso Pereira Salazar e Adelaide da Luz Silva Lima Salazar, Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães a 19 de julho de 1889 e faleceu em Lisboa a 29 de dezembro de 1946.
Seu pai foi, em Guimarães, secretário e bibliotecário da Sociedade Martins Sarmento, professor de Francês na Escola Industrial Francisco da Holanda e escrevia para a “Revista de Guimarães. A eliminação da disciplina de Francês dos currículos escolares em Guimarães parece ter sido a causa principal da sua vinda para o Porto.
Abel Salazar completa naquela cidade, a escola primária e parte do liceu até 1903, altura em que ingressa no Liceu Central do Porto, em S. Bento da Vitória onde conclui a 7ª classe de ciências. Aqui, com um pequeno grupo de companheiros, publica um jornal escolar republicano (o Arquivo) refletindo já quer o interesse pelos novos ideais políticos quer as suas precoces aptidões para a arte, através de caricaturas de estudantes e professores.
Em 1909 ingressa na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e em 1915 concluiu o seu curso de Medicina e apresenta a tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” classificada com 20 valores.
Em 1909 ingressa na Escola Médico-Cirúrgica do Porto e em 1915 concluiu o seu curso de Medicina e apresenta a tese inaugural “Ensaio de Psicologia Filosófica” classificada com 20 valores.
Em 1918, com apenas 30 anos de idade, Abel Salazar é nomeado Professor Catedrático de Histologia e Embriologia. Nesse ano funda e dirige o Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina do Porto, um modesto centro de estudos, onde apesar da falta de recursos financeiros, Abel Salazar consegue realizar uma série de notáveis trabalhos de investigação.
Entre 1919 e 1925 o seu trabalho torna-se internacionalmente conhecido e publicado em várias revistas científicas internacionais. Participa em numerosos congressos no estrangeiro. Fundou com Athias e Celestino da Costa, os Arquivos Portugueses de Ciências Biológicas, dos quais é um dos diretores.
Ao fim de dez anos de trabalho profícuo em condições adversas, como vem proclamando sistematicamente, Abel Salazar sofre um esgotamento e interrompe a sua atividade durante quatro anos para se tratar. De regresso à Faculdade em 1931, cheio de projetos, encontra o seu gabinete desmantelado.
Em 1935, é afastado da sua cátedra e do seu laboratório, sem poder frequentar a biblioteca, nem ausentar-se do País (Portaria de 5 de junho), numa altura em que foram expulsos também outros professores universitários, como Aurélio Quintanilha, Manuel Rodrigues Lapa, Sílvio Lima e Norton de Matos, etc.
No seu curriculum escreve: “Além dos trabalhos científicos, fiz na Universidade cursos sobre a Filosofia da Arte, conferências sobre a Filosofia, onde desenvolvi um sistema de Filosofia que acabo de constatar com satisfação ser bastante próximo da Escola de Viena. Foi o desenvolvimento deste sistema filosófico que, tendo desagradado à ditadura e ao Catolicismo, foram a causa principal da minha revogação. Mas, como a ditadura não se podia basear nesta questão, ela torneou a questão, fazendo através da sua imprensa uma campanha de difamação, etc., após a qual me demitiu sem processo nem julgamento (…). Esclareço que nunca fui político, toda a minha vida me ocupei unicamente da atividade intelectual.”
Além do génio artístico, como modo mais espontâneo da expressão da sua personalidade, como foi privado da disciplina da investigação sistemática no campo da histologia, sua especialidade médica, restou-lhe o estudo ávido de muitos saberes, cuja “descoberta” pessoal o empolgava e o impelia irresistível e torrencialmente à sua discussão e difusão”.
Entraram ainda no domínio das suas preocupações humanas e intelectuais, problemas de ordem social e filosófica, política, estética e literária.
Entraram ainda no domínio das suas preocupações humanas e intelectuais, problemas de ordem social e filosófica, política, estética e literária.
Colabora nos seguintes jornais e revistas: Afinidades, Democracia do Sul, Esfera, Foz do Guadiana, Gérmen, Ideia Livre, Liberdade, Medicina (Revista de Ciências Médicas e Humanismo), Notícias de Coimbra, O Diabo, O Distrito de Beja, O Primeiro de janeiro, O Trabalho, Pensamento, Povo do Norte, Seara Nova, Síntese, Sol, Sol Nascente, Vida Contemporânea, Voz da Justiça.
Publicou 113 trabalhos científicos nas áreas dos aparelhos de Golgi e Para Golgi, método tano-férrico, ovário, tecido conjuntivo, anatomia do cérebro, tecido celular, sangue, técnica de desenho microscópico e temas gerais.
O afastamento da vida académica permite-lhe desenvolver na sua casa, em S. Mamede de Infesta, uma produção artística variada na temática e na expressão plástica: gravura, pintura mural, pintura a óleo de paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados.
O afastamento da vida académica permite-lhe desenvolver na sua casa, em S. Mamede de Infesta, uma produção artística variada na temática e na expressão plástica: gravura, pintura mural, pintura a óleo de paisagens, retratos, ilustração da vida da mulher trabalhadora e da mulher parisiense, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobres martelados.
Reconhecido como pintor e desenhador, ele ainda tem uma pujante e qualificada obra como caricaturista, gravador, escultor e martelador de cobres, aqui também caso único entre os artistas contemporâneos.
Em 1938 e 1940, efetua em Lisboa e no Porto grandes exposições individuais que provocaram admiração generalizada.
Em 1941, por sugestão do Prof. Mário de Figueiredo, então Ministro da Educação Nacional, o Instituto para a Alta Cultura cria um Centro de Estudos Microscópicos, na Faculdade de Farmácia, cuja direção é confiada a Abel Salazar.
Em 1941, por sugestão do Prof. Mário de Figueiredo, então Ministro da Educação Nacional, o Instituto para a Alta Cultura cria um Centro de Estudos Microscópicos, na Faculdade de Farmácia, cuja direção é confiada a Abel Salazar.
O Centro funciona sem condições materiais e financeiras, mas mesmo assim Abel Salazar continua a fazer investigação com a colaboração de Adelaide Estrada. Trabalha também, desde 1942, com o Instituto Português de Oncologia, a convite de Francisco Gentil, onde publicou vários trabalhos científicos no Arquivo de Patologia. Publica “Hematologia” em 1944.
Conteúdo atualizado em2016/06/2811:19