
Interpretação de “As sete últimas palavras de Cristo na Cruz” de Joseph Haydn
O Salão Nobre dos Paços do Concelho acolheu ontem um concerto do Quarteto de Cordas de Matosinhos, que contou com a participação do ator João Reis.
O espetáculo, integrado na programação da Temporada de Música Clássica 2024, centrou-se na obra do compositor austríaco Joseph Haydn (1732-1809) “As sete últimas palavras de Cristo na Cruz”.
Foi uma obra encomendada pela Hermandad de La Santa Cueva de Cádis para ser executada na Semana Santa em 1787. Cada sonata é alternada com as setes frases pronunciadas por Jesus durante a crucificação, criando uma atmosfera de reflexão.
A obra original data de 1786, sendo que, no ano seguinte, foi adaptada, pelo próprio compositor, para quarteto de cordas - o Quarteto de Cordas op.51 Hob.III 50-56. Foi essa a versão que foi interpretada pelo Quarteto de Cordas de Matosinhos.
Já o ator João Reis fez a leitura das citações de Jesus complementadas com textos da autoria do escritor português José Saramago e do teólogo e filósofo espanhol Raimon Panikkar, que foram criados, em 2006, para a gravação da obra pela orquestra Le Concert des Nations, a convite do músico, compositor e maestro catalão Jordi Savall.
Ator desde 1989, João Reis fez o curso de formação de atores do Instituto de Formação Investigação e Criação Teatral e workshops com Daniel Stein, Daniel Zerky, Polina Klimovitskaya, Lenard Petit, entre outros. Participou em espetáculos encenados por Ricardo Pais, Nuno Carinhas, João Lourenço, José Wallenstein, Luis Miguel Cintra, Giorgio Barberio Corsetti, Jorge Lavelli, Carlos Pimenta, Rui Mendes, Miguel Guilherme, Marcos Barbosa, António Pires, José Neves, Carlos Avilez, Duarte B. Ruas, Adriano Luz, Pedro Mexia, Mário Feliciano, Michel Van der Aa, Diogo Infante, Martim Pedroso e Marco Medeiros.
Encenou no Teatro Nacional São João (TNSJ) Buenas Noches, Mi Amor (1999), a partir de "As Três Cartas da Memória das Indías" de Al Berto, no Teatro Maria Matos, encenou Transacções, de David Williamson (2009) e no Teatro São Luiz co-encenou e interpretou com Ana Nave Portugal, Meu Remorso, a partir da obra de Alexandre O'Neill, já em 2015 encenou Neva, de Guillermo Calderón uma co-produção entre o Teatro São Luiz e TNSJ.
Em 2019, nos jardins do Palácio de Queluz, encenou A Disputa de Marivaux. Em 2021, no Teatro da Trindade, encenou o texto vencedor do prémio Miguel Rovisco, A Hora de Visita, de Pedro Goulão. Em 2022, encenou A Praia de Peter Asmussen (estreia no Teatro São Luiz) contemplada com um Globo de Ouro para melhor espetáculo desse ano.
Como ator, colaborou ainda em diversas produções com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica do Porto, os Divino Sospiro e o Remix Ensemble na Casa da Música e Orquestra da Costa Atlântica.
Foi ator em filmes de João Canijo, Fernando Lopes, Rita Azevedo Gomes, Ruy Guerra, Manoel de Oliveira, Vicente Alves do Ó, Luís Filipe Rocha, Sérgio Graciano, Edgar Pêra e Pedro Sena Nunes. Em televisão, participou em inúmeras séries e novelas. No TNSJ, além de corresponsável pelo projeto de teatro radiofónico “Os Sons, Menina!...”, integrou múltiplas produções, das quais se destacam O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de la Barca (1996), e A Ilusão Cómica, de Corneille (1999), Macbeth, de Shakespeare (2017) encenações de Nuno Carinhas; As Lições, a partir de Ionesco (1998), Noite de Reis (1998), Hamlet (2000) e um Hamlet a mais (2002), de Shakespeare, UBUs, de Alfred Jarry (2005), e Turismo Infinito, com textos de Fernando Pessoa (2007-2014) O Mercador de Veneza (2012) de Shakespeare e A Longa Jornada Para a Noite de Eugene O’Neill (2023), encenações de Ricardo Pais.
Criado pela Câmara Municipal de Matosinhos em 2007, o Quarteto de Cordas de Matosinhos é uma formação musical que tem vindo a desenvolver um importante trabalho de preservação da herança musical portuguesa, interpretando obras menos conhecidas e abraçando novas obras de compositores contemporâneos.
Composto por Vítor Vieira e Juan Maggiorani (violinos), Jorge Alves (viola) e Marco Pereira (violoncelo), o Quarteto de Cordas de Matosinhos conquistou em 2014 o Prémio Rising Stars da Organização Europeia de Salas de Concertos, tendo realizado uma tournée de 16 concertos em algumas das mais importantes salas de concerto europeias, como o Barbican em Londres, o Concertgebouw em Amesterdão, o Musikverein em Viena, as Philharmonies de Hamburgo e Colónia e a Konzerthaus de Dortmund.
Em Portugal, atua regularmente nas maiores salas de concerto portuguesas, como a Casa da Música, a Fundação Calouste Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém, e colabora com alguns dos mais destacados músicos portugueses, tais como Pedro Burmester, António Rosado, Miguel Borges Coelho, António Saiote, Paulo Gaio Lima e Pedro Carneiro.
Ainda a nível nacional, destaque para a conquista do Prémio Jovens Músicos da RDP e do Concurso Internacional de Música de Câmara “Cidade de Alcobaça”.
Os membros do Quarteto de Cordas de Matosinhos estudaram na Academia Nacional Superior de Orquestra e aperfeiçoaram a sua arte em várias escolas de prestígio, incluindo a Escuela Superior de Música Reina Sofía (Madrid), a Northwestern University (Chicago) e o Conservatório de Sion (Suíça). Tiveram ainda uma formação especializada no Instituto Internacional de Música de Câmara de Madrid, onde estudou com Rainer Schmidt (violinista do Quarteto Hagen), além de trabalhar em masterclasses com membros de grandes quartetos de cordas, como Alban Berg, Lasalle, Emerson, Melos, Vermeer, Kopelman e Talich.


















