Comemoração dos 150 anos do nascimento de um dos pensadores mais influentes no início do século XX.
Para assinalar os 150 anos do nascimento de Basílio Teles – um dos pensadores portugueses mais influentes no início do século XX, principalmente como teórico do movimento republicano – o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha, descerrou no passado dia 14 de Fevereiro uma placa comemorativa na casa onde viveu Basílio Teles, na Rua Álvaro Castelões.
No dia 17, no Auditório da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, realizou-se uma conferência sob o tema “O pensamento de Basílio Teles: um intelectual portuense do Século XIX português”, proferida pelo Dr. Pedro Páscoa Martins da Universidade do Minho, que abordou paralelamente com a biografia de Basílio Teles, o seu percurso intelectual contemplando os vectores principais do seu pensamento (Economia, Sociologia, História, Filosofia e Política) no contexto duma reflexão sobre o Portugal contemporâneo.
Basílio Teles nasceu a 14 de Fevereiro de 1856 no Porto e morreu em 1923, na sua casa da Rua Álvaro Castelões, em Matosinhos. No Porto frequentou a Academia Politécnica e a Escola Médico-Cirúrgica, tomando parte activa na organização da revolta do 31 de Janeiro. Na sequência do fracasso desta acção teve que se exilar, regressando apenas alguns anos mais tarde no seguimento duma amnistia. Dedica-se posteriormente a uma sistemática análise da sociedade portuguesa da sua época, trabalhando incansavelmente em numerosas obras nomeadamente “Do Ultimatum ao 31 de Janeiro”, “Memórias Políticas”, “Carestia da Vida nos Campos”, “O Problema Agrícola” e diversos outros estudos sociais e económicos. Ao mesmo tempo é o principal teórico do Partido Republicano Português e prepara o conjunto de medidas legislativas a serem tomadas na sequência da implantação da República em Portugal. Progressivamente torna-se cada vez mais isolado do mundo, levando uma existência de eremita e asceta. Já depois da implantação da República foi, por diversas vezes, convidado para integrar o governo, nomeadamente como Ministro das Finanças, o que sempre recusou, preparando, no entanto, diversos decretos que deveriam ser promulgados pela República. Preferiu sempre manter-se numa obstinada solidão, estudando e escrevendo infatigavelmente. Além de combatente do 31 de Janeiro e figura central da implantação da República em Portugal, publicou diversos estudos sobre a política e a sociedade portuguesa do seu tempo. Os seus estudos sobre a economia e a sociedade portuguesa tornaram-no um precursor dos estudos sociológicos em Portugal.