No passado sábado, teve lugar no Espaço Irene Vilar do Museu da Quinta de Santiago uma tertúlia dedicada às figuras dos poetas António Nobre (1867-1900) e Raul Brandão (1867-1930), no âmbito das comemorações do 150º aniversário do nascimento destas figuras ímpares da literatura portuguesa, que deixaram marca em Leça da Palmeira, sobretudo António Nobre. A iniciativa foi co-organizada pelo MIL/Revista Nova Águia e contou com o apoio do Museu da Quinta de Santiago/CM Matosinhos e da Junta de Freguesia de Matosinhos e Leça da Palmeira.
Perante um auditório repleto, foram apresentadas três comunicações. O investigador Duarte Drumond Braga abordou a obra mais conhecida de Raul Brandão “Húmus: das estéticas finisseculares à sua superação”. O poeta J. Alberto de Oliveira centrou-se nos “Efeitos de Leça da Palmeira em António Nobre”, realçando alguns locais frequentados por Anto, como o Hotel Estefânia, O Forte de Leça ou a praia da Boa Nova. Maria Bochicchio, investigadora italiana de poesia portuguesa contemporânea, encerrou a sessão com o tema “Figuras femininas em António Nobre”, destacando a influência que nomes como Charlotte, Miss Ellen ou Margarida de Lucena “A Purinha” tiveram na sua poesia. A tertúlia ficou ainda marcada pela declamação de poemas, a cargo da Professora Luísa Malato.
De refeir que Leça funcionava como um porto de abrigo para muitas famílias oriundas do Porto e arredores e até para a distinta comunidade inglesa. Era um local extremamente calmo e acolhedor que denotava ainda, no final do século XIX, marcas acentuadas do ambiente rural tradicional.
Por isso, esta localidade foi o lugar ideal para António Nobre passar bons momentos ao longo da sua infância e juventude. Apesar de ter nascido na cidade do Porto, António Nobre considerava Leça da Palmeira o seu refúgio predilecto. Segundo o poeta “…é em Leça a terra onde eu tenho educado a minha alma, onde estão ligadas todas as boas recordações da minha vida…”.
Nesta vila, fez inúmeras amizades e elegeu diversos locais, referenciados nas suas poesias. Tinha o seu grupo de amigos, que se juntava várias vezes para ir à praia, a banhos no Rio Leça, ao antigo “Clube de Leça” e que se reunia frequentemente no Hotel Estefânia. Deste grupo de amigos é de destacar os nomes de Alberto de Oliveira (seu amigo inseparável), Justino de Montalvão e o próprio Raul Brandão.
