Dezenas de pessoas na Praça Guilherme Pinto guiadas pelo historiador Joel Cleto
Nem o muito frio que se fazia sentir impediu a participação de várias dezenas de munícipes na iniciativa que marcou a primeira noite da Praça Guilherme Pinto, inaugurada na manhã de sábado, 26 de janeiro.
Guiados pelo historiador Joel Cleto, os presentes tiveram a oportunidade de percorrer a praça, uma obra da arquiteta municipal Luísa Valente, ao mesmo tempo que foram percorrendo a história deste espaço, desde meados do século XIX (quando fazia parte do extenso e desértico areal do Prado, e onde só despontava o hipódromo do Jockey Club do Porto) até que no final desse século começou a ser testemunha privilegiada das profundas transformações urbanísticas e sociais de Matosinhos, decorrentes da construção do porto de Leixões.
A esse propósito, Joel Cleto não deixou de sublinhar a circunstância de um dos topos da Praça Guilherme Pinto ser definida pela "Diagonal", hoje um percurso pedonal de Matosinhos-sul, mas que na origem correspondia ao canal ferroviário por onde circulavam e chegavam as pedras utilizadas para a edificação dos molhes portuários.
A construção do porto e a disponibilidade de espaço acabariam por ditar o desenvolvimento, nesse antigo e extenso areal, de um gigantesco parque industrial que, desde 1899, aqui se viria a fixar e especializar no sector conserveiro. A Praça Guilherme Pinto localiza-se, aliás, muito próximo do local (na rua Brito Capelo) onde nasceu a primeira dessas fábricas: a Real Fábrica de Conservas de Matosinhos.
A visita à praça e à história da indústria conserveira prosseguiu, depois, por todo o século XX, destacando-se alguns dos momentos mais decisivos, como o dos dois conflitos mundiais, a crise petrolífera dos anos '70, os desafios do mercado comum europeu, e as oportunidades dos nossos tempos, em que a conserva se vê transformada em produto gourmet e de grande valor nutricional. Mas, em toda esta história, protagonizada por cerca de meia centena de empresas conserveiras (que em grande parte se localizaram nos quarteirões envolventes à praça Guilherme Pinto), emergiram, decisivos, os operários conserveiros. Os do "vazio" (a produção da lata, com mão de obra masculina) e os do "cheio" (o da produção da conserva e seu enlatamento, fundamentalmente assegurado por mulheres). Ora, é exatamente aos operários conserveiros que é consagrado o conjunto escultórico da praça, da autoria do escultor Rui Anahory, e que serviu igualmente de pretexto para "ilustrar" esta visita noturna ao novo e qualificado espaço público da cidade.
No final da visita, o Vereador da Cultura da autarquia, Fernando Rocha, evocando a memória de Guilherme Pinto, que primeiramente idealizou este espaço, sublinhou a importância urbanística desta nova praça, mas também a sua importância enquanto espaço de memória de uma atividade que tanto marcou (e continua a marcar) a identidade de Matosinhos.
Notícias relacionadas
-
Piscinas e ginásios municipais

Piscinas e ginásios municipais
03.06.20 -
Regresso das trotinetas e bicicletas elétricas

Regresso das trotinetas e bicicletas elétricas
03.06.20 -
Eucaristia Solene do Senhor de Matosinhos

Eucaristia Solene do Senhor de Matosinhos
02.06.20 -
Orquestra Jazz de Matosinhos de regresso

Orquestra Jazz de Matosinhos de regresso
01.06.20
