Peripécia Teatro de volta a Matosinhos para uma homenagem ao artista holandês e à sua pintura.
Depois do êxito alcançado em Dezembro com “Ibéria, a louca história de uma península” , a companhia de teatro “Peripécia” regressou, no passado dia 5 de Fevereiro, ao Cine-teatro Constantino Nery para apresentar “Vicent, Van e Gogh”, um espectáculo criado em Residência artística e estreado a 30 de Junho de 2005 no Teatro de Vila Real.
Presente na plateia a assistir ao espectáculo esteve o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos, Fernando Rocha.
Os três actores- dois espanhóis e um português- são responsáveis não só pela criação como pela interpretação de “Vicent, Van e Gogh”. Sérgio Agostinho, Noelia Domínguez e Angel Frágua vestem em palco a pele de Vicent, Van e Gogh, os três personagens que ocupam um espaço onde estão presentes vários elementos, tais como pincéis, telas, chapéus e cavaletes, que nos remetem para o imaginário associado à obra de Van Gogh, à sua época e à pintura.
A Peripécia é uma companhia internacional com sede em Vila Real, fundada em 2004. Propõe a criação de espectáculos originais que se baseiam num trabalho de grande disciplina e rigor ao nível da interpretação do actor que, a par dos textos, desenvolve uma intensa componente física e visual de modo a conseguir uma linguagem cénica atraente e universal.
Ao longo da peça “Vicent, Van e Goh”, surgem as figuras e situações que marcaram a vida e a pintura do artista holandês, algumas verídicas, outras ficcionais. A relação com o irmão Theo, a relação com os comedores de batatas, a vida boémia de Paris ao lado de artistas como Gauguin ou Toulouse-Lautrec, a situação em que corta a sua própria orelha, a relação com o psiquiatra Dr. Gachet e o momento em que se dispara um tiro, no seio de uma das suas tão queridas searas de trigo, são alguns dos episódios que se destacam de um espectáculo, cuja narrativa não é cronologicamente linear. Como tal, são geradas situações cénicas que oscilam, assim, entre o drama e a comédia, a realidade e a imaginação, entre a vida e a arte.
Dirigido por José Carlos Cargia, “Vicent, Van e Gogh” é também uma humilde homenagem ao pintor holandês que se tornou no paradigma do “artista maldito”que não vê a sua obra reconhecida; ao homem cuja vida é a história de um fracasso, em busca, primeiro da verdade religiosa e, mais tarde, da arte. Van Gogh acabou sozinho, doente e, dizem alguns que louco, até suicidar-se, aos 37 anos, em Auvers-sur-Oise, França.