Revisão orçamental permite iniciar concretização do projeto que representou Portugal na Bienal de Veneza.
Saldo de gerência do exercício de 2014, que ascende aos 7,5 milhões,
foi incorporado no orçamento de 2015
Até aqui era apenas uma ideia no papel. A proposta do arquiteto Paulo Moreira para requalificar a urbanização do Monte Xisto, que representou Portugal na 14ª Bienal de Arquitetura de Veneza, vai, porém, começar a transformar-se em realidade já este ano. A primeira revisão do orçamento da Câmara Municipal de Matosinhos para 2015, hoje aprovada, vai canalizar para este projeto 62.250 euros, permitindo iniciar o processo de regeneração deste núcleo urbano de génese ilegal, situado em Guifões.
O projeto, refira-se, começa por ser uma proposta de consolidação da encosta do Monte Xisto (onde, em 2005, aconteceu uma derrocada de grandes dimensões), criando espaços públicos (uma praça, um campo desportivo e uma horta comunitária) e intervindo sobre as habitações. Algumas terão de ser demolidas, por não ser possível reconvertê-las, estando igualmente prevista a construção de habitação nova para o realojamento de algumas famílias. Serão ainda criados alguns muros de contenção em gabiões ao longo da encosta e novos acessos pedonais entre as cotas baixa e alta.
A participação portuguesa na Bienal de Veneza, com curadoria de Pedro Campos Costa, apostou em 2014 numa reflexão sobre a habitação, consubstanciada em três edições do jornal “Homeland”. O Monte Xisto, em Matosinhos, foi escolhido para ilustrar a temática da arquitetura informal, uma área que tem vindo a suscitar o interesse de um número crescente de arquitetos em todo o mundo.
O projeto de Paulo Moreiras foi objeto de um amplo debate com os moradores e deu posteriormente origem a uma exposição que esteve no átrio dos paços do concelho nos meses de Outubro e Novembro, e que está agora no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
Aquando da inauguração da exposição, em Outubro, o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, tinha já assumido o compromisso de, havendo dinheiro, tentar executar a “excelente proposta” do arquiteto Paulo Moreira. “Sendo Matosinhos uma cidade procurada por muitos turistas que vêm conhecer as obras-primas da arquitetura mundial que cá existem, faz todo o sentido que um projeto que esteve na Bienal de Veneza passe a integrar este roteiro turístico”, explicou o autarca.
A primeira revisão orçamental de 2015 permitiu, refira-se, fazer crescer a dotação em mais de 7,5 milhões de euros, em resultado da incorporação do saldo do exercício orçamental anterior, reforçando o investimento da Câmara Municipal de Matosinhos durante este ano em cerca de 5,4 milhões.
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