A sala principal do Cine-Teatro Constantino Nery acolheu no domingo, 9 de junho, a peça “Timão de Atenas”.
Composta na primeira década do século XVII, Shakespeare terá escrito Timão de Atenas com a colaboração do poeta e dramaturgo seu contemporâneo Thomas Middleton (1580–1627).
A peça representou para Joaquim Benite um regresso a esse texto que encenara já em 2008 para o Festival de Mérida, mas também, e sobretudo, um regresso ao teatro do mais glorioso nome da era isabelina: William Shakespeare (1564–1616), cujas peças O mercador de Veneza, Othello e Troilo e Créssida encenara já anteriormente.
Numa tradução de grande qualidade, assinada por Yvette Centeno, a peça teve estreia absoluta em Portugal em Dezembro de 2012 e foi a última encenação de Joaquim Benite, desaparecido no passado dia 5 de Dezembro, altura em que se ultimava a preparação desta peça, constituindo desse modo a sua criação testamentária.
Teatro eterno, encenado para a eternidade da tragédia humana, Timão de Atenas põe em cena o predador humano de qualquer tempo histórico, essencialmente movido pelos maus instintos de sempre. Na primeira parte, Timão convida vários amigos para um deslumbrante banquete, presenteando-os e deixando se ofuscar pelos seus elogios e manifestações de gratidão. Quando toma consciência da penúria, a eles recorre para sanar as dívidas, deparando-se com recusas e recriminações amargas e mesmo humilhantes, restando-lhe a amizade leal de Flávio, seu criado, e as advertências avisadas de Apemanto, filósofo. Decidido a vingar-se, volta a convidar os amigos para novo banquete, servindo lhes agora somente água e pedras.
Esta criação, levada à cena num momento especialmente difícil para a Companhia de Teatro de Almada, transporta assim o significado de um testamento, reunindo numa peça até hoje jamais levada à cena em território português e em Língua portuguesa, a poesia de inexcedível beleza trágica de Shakespeare e a marca pessoalíssima do génio de Benite – um homem que construiu um projeto teatral único em Portugal e cujo desaparecimento deixa um lugar insubstituível na cena teatral do País e um lugar de honra na História do teatro português.
Intérpretes Luís Vicente | Alberto Quaresma | Ana Cris André Gomes | Celestino Silva | Ivo Alexandre Jef...f de Oliveira | João Farraia | Joana Franca ca mpos Manuel Mendonça | Marques D’Arede | Miguel Martins Paulo Matos | Pedro Walter
Músicos Nadine Bráz | Rui Gonçalves Encenação Joaquim Benite, com Rodrigo Francisco Versão dramatúrgica, segundo uma tradução de Yvette K. Centeno Cenáririo Jean-Guy Lecat Figurinos Sónia Benite
Companhia de Teatro de Almada em co-produção com o TNDMII