Medeia não é apenas uma mulher. É um símbolo que sobrevive ao tempo. Dois mil e quinhentos anos depois de ter sido escrita, a personagem de Eurípedes continua, por isso, viva e atual. Chama-se Joana na peça “Breviário Gota d’Água”, de Heron Coelho, que regressou ao palco do Cine-Teatro Constantino Nery.
Transposição da tragédia de Eurípedes para um bairro portuense do século XXI, tendo como ponto de partida o enredo e as canções do musical “Gota d’Água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes, a peça contou com encenação de Luísa Pinto e direção musical de Carlos Tê. A peça estreou em outubro em Matosinhos e registou plateias esgotadas durante essa primeira temporada, tendo rumado depois ao Brasil, onde efetuou uma digressão por várias cidades.
Joana, Jasão, Alma e Creonte, personagens principais da tragédia, moveram-se desta vez num dispositivo cénico em arena, que envolveu o público e o incluiu no espetáculo. Durante o intervalo, aliás, os intérpretes servem aos presentes o caldo verde cozinhado durante a primeira parte, acompanhado de broa e vinho.
Trata-se, portanto, de uma versão única do clássico grego: Joana viu-se abandonada por Jasão em detrimento da rica herdeira Alma, filha de Creonte (uma interpretação soberba de Paulo Calatré). Encontrou vingança matando os filhos e suicidando-se, tal e qual como sucede nas notícias que quase todos os dias aparecem nos jornais mais próximos da tragédia grega que sobrevive entre nós.
Ficha Artística
Roteiro e Adaptação – Heron Coelho
Encenação – Luisa Pinto
Direção Musical – Carlos Tê
Arranjos Musicais e ambientes sonoros – Nicolas Tricot
Cenografia e Figurinos – Luisa Pinto
Desenho de Luz – Bruno santos
Interpretação - Inês Mariana Moitas, João Costa, Paulo Calatré, João Melo, Isabel Carvalho, Isabel Cruz, Catarina Santos, Sofia Príncipe, Rui David e Nicolas Tricot.
Produção – Cine Teatro Constantino Nery / Câmara Municipal de Matosinhos
