Fim-de-semana em cheio no Cine-teatro Constantino Nery e Museu Quinta de Santiago.
Festival nascido há dois anos com o intuito de promover o teatro e as artes performativas em língua portuguesa, nas suas vertentes mais diversas e vanguardistas, assumindo o idioma e os espaços da lusofonia como um motor de diálogo intercultural e de troca de experiências, o “CENA- Cena Contemporânea de Matosinhos em Português” apresentou um conjunto de espetáculos para todo o tipo de públicos.
Em véspera de fim-de-semana de festa para o teatro em Matosinhos, o Cine-teatro Constantino Nery abriu as portas para o regresso do êxito “Um fio de jogo”, estreado no ano passado, pouco antes do Mundial de Futebol no Brasil, da autoria de Carlos Tê.
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“Homenagem a quem gosta de futebol e ao Brasil, pela arte que deu ao futebol”, a peça centra-se em quatro personagens que, em comum, partilham a ligação ao futebol desde a infância. Pedro Almendra é o ator que, ao longo da peça se desdobra em quatro personagens: um jogador em final de carreira, um comentador desportivo, um relatador radiofónico e um treinador de futebol.
No sábado à tarde, foi exibido no Café Concerto um documentário de Andrzej Kowalski sobre o projeto P-STAGE – IV Estágio Internacional de Atores, com o apoio da União Europeia, no âmbito do programa ACP Cultures.
Este projeto, desenvolvido pela Cena Lusófona, entre 2012 e 2015, em parceria com o Elinga Teatro (Angola) e a AD – Ação para o Desenvolvimento (Guiné-Bissau), envolveu mais de 100 jovens atores de seis países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe). Deste trabalho resultou a montagem e a apresentação do espetáculo “As Orações de Mansata”, de Abdulai Sila.
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À noite, o CENA deslocou-se ao Museu Quinta de Santiago, em Leça da Palmeira, para apresentar uma estreia absoluta. “SAL”, da companhia Teatro do Frio, em torno das palavras de Mário de Sá Carneiro, numa criação e interpretação de Catarina Lacerda.
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No domingo, ao longo do dia, o Cine-teatro Constantino Nery voltou a receber o ator António Durães que protagonizou uma maratona de poesia em português no Café-Concerto.
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Até ao final do mês, o programa do festival promete espetáculos memoráveis. Consulte a programação para esta semana:
Ensaio Aberto da peça "Caminham Nus Empoeirados", Texto e Encenação de Gero Camilo (Brasil) – Estreia
21 de Setembro - 21h30 - Sala principal do Cine-Teatro Constantino Nery
Dois atores decidem romper com a vida pacífica que tinham tido até então e partem em busca do espetáculo que sonham encenar. Caminham nus empoeirados é uma história de sobrevivência, companheirismo e amor – o amor que estes atores descobrem sentir um pelo outro, mas também o amor que partilham pelo teatro e pela arte. Caminham nus empoeirados promete levar-nos por um percurso de encontros e desencontros, numa história que nos fala também do poder transformador do teatro.
Intérpretes João Costa e Victor Mendes
Produção Cine-Teatro Constantino Nery/Câmara Municipal de Matosinhos
AS BONDOSAS de Ueliton Rocon. Elinga Teatro (Angola)
22 de Setembro - 21h30 - Sala principal do Cine-Teatro Constantino Nery
Três carpideiras cujo maior receio é verem-se um dia transformadas em estátuas de sal, como terá acontecido à mulher de Lot, estão presentes no óbito de uma jovem que se suicidou. Inconformadas por ninguém reconhecer os seus méritos profissionais, vão-se desviando das rezas para a 'fofoca' pura, acabando por deixar finalmente transparecer todos os segredos que escondiam do mundo e umas das outras...
Elenco:
Prudência - Cláudia Nobre
Angústia - Anabela Vandiane
Astúcia - Cláudia Púkuta
Morta - Nzadi
Ficha técnica:
Adaptação, cenografia e direção - José Mena Abrantes
Figurinos - Anacleta Pereira
Luzes - Nuno Nobre
Produção - Elinga-Teatro 2013 (43ª produção)
Lançamento de Livro de Artes Cénicas de Paula Chagas Autran (Brasil)
23 de Setembro - 19h00 - Café-Concerto do Cine-Teatro Constantino Nery
Duas Pessoas - Teatro da Terra, a partir do conto homónimo de Herberto Helder com Maria João Luís
24 de Setembro - 21h30 - Sala principal do Cine-Teatro Constantino Nery
“Um exercício sem passado nem futuro, que nos remete para dentro de nós, que nos questiona a individualidade, que nos coloca perante a grande questão - serei único? individual? autêntico? ou serei uma réplica? apenas mais um individuo?
A ideia de uma humanidade onde o género é dominado pelo ser, onde somos apenas reflexivos.
É através daquilo que projetamos no outro que nos descobrimos a nós mesmos.
Serão as outras solidões iguais à minha?
As palavras de Herberto Helder enchem-se de corpo, e o corpo dá forma às suas palavras, é neste diálogo que nasce a imagética deste objeto transdisciplinar.”
Adaptação e encenação MARIA JOÃO LUÍS
Interpretação MARIA JOÃO LUÍS, MARIA CARVALHO e no Violoncelo BÁRBARA DUARTE
Movimento DANIEL GORJÃO
Música JOSÉ PEIXOTO, LISBOA STRING TRIO
JOHANN SEBASTIAN BACH, PRIMUS
Cenografia BRUNA ROCHA Figurinos DORA LUÍS
Assistência de produção RAFAELA MAPRIL
Direção de produção e luz PEDRO DOMINGOS
Produção TEATRO da TERRA
M/12
Água (Circolando)
25 de Setembro às 19h00 e 27 de Setembro às 17h00 e 21h00 – Espetáculo de Rua (Titã)
Um espetáculo de André Braga e Cláudia Figueiredo / Circolando
Duração: 60 minutos
Maiores de 6 anos
Um projeto no cruzamento da instalação, arte pública e performance. Três iglôs, construídos com sacos de plástico cheios de água, acolherão breves intervenções performáticas a que o público assiste espreitando por pequenos orifícios, do tamanho da sua cabeça. Um encontro muito íntimo entre o intérprete e o público. Micro-histórias construídas em torno do imaginário ligado ao elemento água e às alterações climáticas. Água-plástica, a poética da água face à desregulação.
Três universos, três abordagens e o convite à circulação. Fragmentos, escolha, pontas soltas, proximidade e a água refletida em vários estados e emoções.
Água clara, água primordial, água paradoxal. Água violenta, lenta, escurecida. Subterrânea, movediça, amarga. Maciça, pesada, corrente, doce, pura...
Água olho, água sangue, água leite. O corpo das lágrimas...
“A água convida a uma contemplação em profundidade.
Essa contemplação é uma perspetiva de aprofundamento para o mundo e para nós mesmos”
“Palavra, tempestade, gelo e sangue acabarão por formar uma geada comum”.
Ficha artística
Conceito: André Braga e Cláudia Figueiredo a partir de um objeto de Pieter van der Pol
Co-criação e interpretação: Gil Mac, Graça Ochoa e Patrick Murys
Realização plástica: Nuno Brandão, com a colaboração na construção de Nuno Guedes e Vítor Costa
Ambientes sonoros: Gil Mac
Produção: Ana Carvalhosa (direção), Alexandra Natura e Cláudia Santos
Direção técnica: Francisco Tavares Teles
Co-produção: Porto Lazer, Festival Oito20e4 e Teatro Municipal Constantino Nery
A Circolando é uma estrutura subsidiada por Governo de Portugal – Secretário de Estado da Cultura / Direção Geral da Artes
Outros apoios: IEFP / Cace Cultural do Porto
Concerto Para Estrelas - Teatro do Frio
25 de Setembro - 21h30 - Museu Quinta de Santiago (Jardim)
Em 580 a.c., nasceu em Samos, o matemático Pitágoras que reflectiu sobre a músicas das esferas, trazendo para espaço comum planetas, pessoas e música.
Observar e sentir para ser parte da paisagem, observar e sentir para voltar a ser matéria no espaço, observar e sentir para reequacionar a realidade.
Ouvir palavras e estrelas, escutar espaços e som.
Partir para Voltar. Respirar. Convida à criação de uma ficção sensorial a partir de uma realidade paisagística e estrelar.
Direção Artística RODRIGO MALVAR
Texto e Performer CATARINA LACERDA
Composição Musical FILIPE LOPES e RODRIGO MALVAR
Cenografia HUGO RIBEIRO
Design Gráfico SUSANA GUIOMAR
Produção Executiva INÊS GREGÓRIO / Pé de Cabra
Oficina da Água (Circolando)
26 de Setembro às 11h00 e 15h00 e 27 de Setembro às 11h00 – Largo do Sr. do Padrão
Oficina de Exploração Material e Sensorial, por Graça Ochoa e Margarida Chambel
Água e Comunicação são o mote desta oficina de exploração sensorial.
Brincaremos com ideias micro e macro da nossa paisagem aquática e ambiental, tempestades podem acontecer num copo de água!
A brincar propomos observar os grandes ecrãs como espelhos que nos influenciam, como imitamos um cartaz publicitário ou seguimos uma moda, cantamos uma canção, damos a mão. Assim, seguir algumas instruções “até à última gota” desta vez para uma experiência sensorial de contacto com a água, por dentro e por fora do corpo e do copo e do cano e já agora, sem desperdício! É à partida um desafio pensar sobre este “bem” que flui sem parar como a vida!
Duração: 1 hora
Destinatários: Crianças dos 6 aos 10 anos
Nº máximo de participantes: 20
Requisito Importante! Trazer roupa apropriada - aquela que levamos para a praia ou piscina - Calção, T-shirt e chinelos e em duplicado para no caso de molha haver a possibilidade de uma roupa seca!
Portugal Meu Remorso (Criação de Ana Nave e João Reis)
26 de Setembro – 22h00 – Sala principal do Cine-Teatro Constantino Nery
Seria difícil imaginar uma cabeça mais feérica e tão distintamente irónica como a de Alexandre O´Neill para, na possibilidade de uma travessia pelo Portugal dos nossos dias (o país europeu com tiques e vícios de ontem) lhe dar um sentido à altura das suas enormes encruzilhadas.
Verbalizar os dislates da vida e do amor à luz de um país incerto, é um exercício que na escrita e na personalidade de O´Neill se transforma numa espécie de combustível sem limites, desígnio perfeito para uma vida inspirada:
"Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor / O tapete que vai partir para o infinito / Esta noite ou uma noite qualquer".
Quando num café do Príncipe Real nos juntámos para dar um destino ao nosso enorme apreço pelo poeta, também nós procurávamos esse difícil compromisso entre tornar legíveis as várias explosões de sentido da sua poesia e ao mesmo tempo revelar uma unidade dramatúrgica que fosse visível para todos nós: imagens, canções, visões periféricas.
Se em muitos aspetos O´Neill foi um poeta incompreendido e indecifrável, como o é tantas vezes a nossa "vidinha", é certo que se tornou um dos grandes do século XX, com vida cheia e literalmente profícua e a contaminar tantas e tantas criaturas. Portugal, Meu Remorso é um tributo assumido das nossas inquietações e incertezas, da nossa admiração pelo poeta que apostava tudo na vida "mesmo que errada".
Esta noite ou uma noite qualquer, com algumas palavras de ódio e outras de amor, a nossa viagem é ao Portugal infinito de Alexandre O´ Neill.
Criação e Interpretação: Ana Nave e João Reis
Dramaturgia: Maria Antónia, a partir de textos de Alexandre O’Neill
Apoio Dramatúrgico: Rui Lagartinho
Movimento: Félix Lozano
Espaço Sonoro: Francisco Leal
Vídeo: Patricia Sequeira e Duarte Elvas
Desenho de Luz: João Cachulo
Figurinos: Rafaela Mapril
Produção Executiva: Mónica Talina
Co-produção: O Lince Viaja e São Luiz Teatro Municipal
M/12
Mar - Curtas de Cena Portuguesa, Criação Mundo Razoável – Estreia Absoluta
27 de Setembro – 17h00 e 21h30 – Museu Quinta de Santiago
É um projeto que envolve diferentes dramaturgos que escrevem sobre o mar do seu país e sobre as gentes que nele se aventuram.
