01.07.11
Cerimónia teve lugar na Casa de Chá da Boa Nova, uma das primeiras e emblemáticas obras do arquitecto matosinhense.

O Governo Francês, através do seu Embaixador em Portugal, Pascal Teixeira da Silva, entregou ontem, dia 30 de Junho, a Álvaro Siza Vieira, a mais alta condecoração atribuída aos que se distinguem pelas suas criações artísticas e literárias ou pela contribuição na difusão das arte e letras em França e no mundo.
Esta distinção foi criada por decreto do governo francês em 1957 e tem três graus: oficial, cavaleiro e comendador.
Vários portugueses já foram agraciados, mas apenas nove, incluindo Álvaro Siza, receberam o grau de Comendador das Artes e das Letras: Amália Rodrigues, António Lobo Antunes, Agustina Bessa Luís, António Martins Coimbra, Júlio Pomar, Manuel de Oliveira, Bernard da Costa e Miguel Torga.
A cerimónia decorreu na Casa de Chá da Boa Nova, em Leça da Palmeira, uma das primeiras obras do arquitecto, que, a par da Piscina das Marés, foi recentemente classificada Património Nacional.
Ambas foram encomendadas na década de 60 pelo então Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Fernando Pinto de Oliveira, como fez questão de lembrar o actual edil, Dr. Guilherme Pinto: “Sou uma testemunha privilegiada da comunidade de Matosinhos. É um profundo orgulho e uma satisfação tremenda ver um nosso conterrâneo, um dos cidadãos mais ilustres, ser distinguido.
Matosinhos está para sempre transformada graças às obras do Siza Vieira. Muitos daqueles que nos visitam, fazem-no por causa das obras do Siza Vieira. Acredito que do arquitecto haverá muito ainda para esperar”.
Sobre a Casa de Chá da Boa Nova, “obra admirável” nas palavras do Embaixador de França em Portugal, e “o ponto de partida para uma obra rica, múltipla, densa”, Pascal Teixeira da Silva considera que “marca a história da arquitectura contemporânea”. Com mais de 250 projectos concretizados em todo o mundo, distribuídos pelos cinco continentes, (fora os projectos não construídos), e 39 prémios conquistados, Siza Vieira possui “uma obra incontornável nos séculos XX e XXI”. Citando Fernando Pessoa, o representante do Governo Francês referiu-se a Álvaro Siza Vieira como “um excelente português, porque existem outros nele”- “o designer”, “o desenhador” e “o professor”.
“Siza desenha como respira. A sua obra gráfica é quase tão conhecida como a sua arquitectura. O desenho é projecto, mas também é desejo, libertação. Esta condecoração do Governo Francês é o reconhecimento da universalidade de alguns criadores”, concluiu.
Por sua vez, Álvaro Siza confessou que a França esteve sempre presente em continuidade na sua vida, desde a sua primeira viagem fora da Península Ibérica, a Paris em 1967, ao primeiro Prémio Internacional, em Montreuil em 1993, à primeira exposição fora da Península Ibérica, em Paris em 1993, à nomeação de Membro da Academia de Arquitectos Francês, em 1997, ou ao Grande Prémio Especial de Urbanismo, que conquistou em 2005.
“A França tem essa universalidade dos 2 sentidos. A França foi generosa comigo durante anos”, disse Álvaro Siza Vieira.
Presentes na cerimónia estiveram o Vice-presidente da Autarquia, Dr. Nuno Oliveira, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, e a Vereadora do Ambiente, Dr.ª Joana Felício.

Conteúdo atualizado em1 de julho de 2011às 11:20
