14.05.12
Intervenção estará concluída antes do feriado municipal.
“É um anseio muito antigo. Era um compromisso muito antigo, que está já quase concluído”, desabafou o padre Manuel Mendes, dia 12 de Maio, na apresentação da imagem do Senhor de Matosinhos restaurada por Alexandre Maniés, no âmbito da sua tese de mestrado na Escola de Artes da Universidade Católica do Porto.
“Depois das obras na Igreja, faltava restaurar o mais importante”, acrescentou o pároco de Matosinhos, que assinou um protocolo de cooperação financeira com a Câmara Municipal, entidade que suportou os custos da intervenção no valor de 19 mil euros.
“Este acto representa uma atenção a um património que é único em todo o mundo. Esta imagem já deu muito nome a Matosinhos, independentemente da fé que todos os anos aqui se renova nas festas. É uma peça essencial não só na devoção, mas também no património. Há pessoas que virão cá para ver a imagem”, afirmou o Presidente da Autarquia, Dr. Guilherme Pinto, que se fez acompanhar do Vice-presidente, Dr. Nuno Oliveira, e do Vereador da Cultura, Fernando Rocha.
Com uma duração inicialmente prevista de seis meses, o restauro da imagem acabou por se prolongar por um ano.
Datada do século XII, a mais antiga imagem de um Cristo crucificado em Portugal encontrava-se em avançado de estado de degradação. “Todas as obras de arte nos podem contar histórias sobre as quais podemos fabular”, defendeu o conservador/restaurador Alexandre Maniés.
Os trabalhos de restauro incluíram a realização de exames diagnósticos, como radiografias, TAC, espectrometria de fluorescência de raios x, análise histológica, exames que demonstraram pormenores interessantes como a existência de elementos metálicos oxidados, as infiltrações de humidade, a perda de revestimento decorativo ou o ataque de insetos.
A imagem do Senhor de Matosinhos está associada à lenda que deu origem à romaria.
Foi no ano 124 que, segundo a lenda, as águas do oceano depositaram na praia de Matosinhos uma belíssima imagem de Jesus na cruz esculpida, poucos anos antes, por Nicodemos, testemunha privilegiada dos últimos momentos da vida de Cristo.
Recolhida a imagem na praia pela população, constatou-se, contudo, que lhe faltava um dos braços. Por muitos braços que se tenham mandado fazer aos melhores artífices e carpinteiros, nenhum encaixava de forma perfeita no ombro amputado ou, pura e simplesmente, não era similar ao do lado oposto. Cinquenta anos depois, no ano 174, deambulando pela praia, uma pobre mulher recolhe lenha para alimentar a lareira. Em casa, apercebe-se de que um grande pedaço de madeira teimava em, milagrosamente, saltar do fogo sempre que para ele era lançado. A filha, surda-muda de nascença, falou pela primeira vez e disse à mãe tratar-se do braço que faltava à imagem do Senhor guardado no Mosteiro de Bouças, facto que, de imediato, se confirmou. E assim começou a devoção ao Senhor de Matosinhos.
Conteúdo atualizado em14 de maio de 2012às 15:02

