“Ar Rarefeito”de Maria Shu é apresentada amanhã na Quinta de Santiago
Duas costureiras bolivianas aventuram-se na subida de uma montanha de roupa numa oficina clandestina da imensa cidade de São Paulo, no Brasil. Suspiram de saudades da cordilheira dos Andes e pelo sonho cada vez mais distante de uma vida melhor do que aquela que as levou a emigrar.
Este é o ponto de partida da peça de teatro “Ar Rarefeito”, de Maria Shu, que amanhã, 28 de setembro, pelas 21h30, toma conta do Espaço Irene Vilar do Museu da Quinta de Santiago para mais uma sessão do ciclo de leituras encenadas “Salvé a Língua de Camões”. Há treze anos que, uma vez por mês, se festeja deste modo o idioma português, mostrando-o conforme soa em outras paragens da dramaturgia lusófona.
Maria Shu é professora e dramaturga, assinando os textos dos espetáculos das prestigiadas companhias Os Satyros e Grupo Arte Livre. A peça “Ar Rarefeito” ganhou, refira-se, o Concurso “Feminina Dramaturgia - Prêmio Heleny Guariba”, confirmando Maria Shu como uma voz essencial do teatro radicado em questões sociais, como a migração e o racismo.
Num tempo que parece ter parado, as duas costureiras trabalham às ordens de um carrasco e num local onde, como em Aushwitz, está escrito “só o trabalho liberta” – ou apenas “se necesita costurera”, conforme o ponto de vista. Como no mito de Sísifo, também o topo desta montanha que simboliza uma vida mais justa nunca chegará.