O espectáculo de dança, Sábado 2”, com coreografia de Paulo Ribeiro, esteve em cena no Cine-Teatro Constantino Nery, no sábado, dia 5 de Novembro. Com música de Nuno Rebelo e figurinos de Maria Gonzaga, Sábado 2 é uma obra essencialmente egoísta. Um trabalho que vive da repressão da energia sexual e da sua confrontação com a fantasia romântica e religiosa que só encontra “redenção” numa espécie de sacrifício de automutilação. É assim que Paulo Ribeiro descreve este espectáculo com duração aproximada de 55 minutos e que consegue cativar o público em cada momento. “Nesta peça tentei explorar o turbilhão vazio do indivíduo virado essencialmente para si próprio, tomando a ligação com o divino como espécie de energia redentora”.
O trabalho de autor não se esgota no impacto maior ou menor que as criações possam ter no momento em que são criadas. A Dança é das artes que mais sofre o efémero. Este princípio precisa ser contrariado, não só porque muitas obras precisam de tempo para serem realmente apreendidas, como também é essencial poder rever o que está para trás para situar melhor o presente. Depois, não tenho dúvidas que a linguagem que identifica um autor só faz sentido quando há longevidade. Talvez seja este o factor maior para o reconhecimento e independência face à voracidade das modas, tendências e mercados, explicou ainda Paulo Ribeiro.
Eliana Campos, Leonor Keil, Rita Omar, Gonçalo Lobato, Peter Michael Dietz e Romulus Neagu foram os intérpretes desta co-produção da Fundação das Descobertas/CCB que encheu de danla o palco do Nery no sábado à noite.