26.11.12
Lançamento de livro na abertura da Feira do Livro Municipal no Museu Quinta de Santigo.
“Matosinhos tem coisas únicas. O Rio Leça foi, durante várias gerações, abandonado. Em Março de 2013, quando o Concelho estiver 100% coberto pela rede de saneamento, o Rio Leça terá condições de ser devolvido, ao fim de 60 anos, às suas origens. Vamos dar ao Rio Leça uma segunda oportunidade”.
As palavras do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, foram proferidas, dia 24 de Novembro, na sessão de apresentação pública do livro “Rio da Memória: Arqueologia do Rio Leça”, no Museu Quinta de Santiago.
Ao longo de vários séculos, o Rio Leça foi o traço unificador e o principal referencial identitário desta região que se estende desde o Monte Córdova até ao litoral atlântico. A bacia hidrográfica do Rio Leça, abrangendo o território dos atuais municípios de Matosinhos, Maia, Santo Tirso, Trofa e Valongo, constitui uma unidade geográfica natural que articula uma vasta área onde, desde a Antiguidade, a ocupação humana teceu uma densa rede de sítios e monumentos, que formam hoje um importante património cultural praticamente desconhecido dos seus habitantes.
A Autarquia criou as chamadas ‘janelas sobre o Leça’ como o Parque das Varas, em Leça do Balio, e a Ponte do Carro, em Guifões, com o intuito de “valorização do património”.
O livro “O Rio da Memória: Arqueologia no Território do Leça” pretende, assim, divulgar junto dum público mais vasto e heterogéneo o património histórico-cultural desta região e a evolução do povoamento e da paisagem desde a pré-história até à Alta Idade Média.
Produzida na sequência da exposição com o mesmo título, organizada pelo Gabinete Municipal de Arqueologia e História em 2009, a obra resulta do trabalho de investigação de Laura M. Soares, Maria Assunção Araújo, Alberto Gomes, Ana Bettencourt, Armando Coelho Ferreira da Silva, Álvaro de Brito Moreira e Ricardo Teixeira.
Dividido em cinco capítulos, o livro aborda o contexto geográfico do território do Rio Leça, as Comunidades Pré-Históricas da Bacia do Leça, a Proto-História no Vale do Rio Leça, a romanização do Vale do Leça, e a Idade Média, nomeadamente dados e perspetivas arqueológicas sobre o território medieval.
Alguns dos autores marcaram presença no lançamento do livro, no Espaço Irene Vilar. Além do Presidente da Autarquia, também o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, fez questão assistir à sessão.
Nas palavras de Maria Assunção Araújo, a exposição “contribuiu para avançarmos no conhecimento do nosso território”. Também para Armando Coelho, o livro “é um contributo fantástico que poucas autarquias teriam ousado fazer”. Para Ricardo Teixeira, apesar de todo o trabalho de investigação, “há ainda muito para conhecer”.
Já Álvaro Moreira defendeu “a rentabilidade das estações arqueológicas” e suas as potencialidades do ponto de vista pedagógico e turístico”. “Espero que o livro seja a pedra de toque para um projeto mais amplo de carácter regional”, acrescentou.
Na sessão foi ainda inaugurada a exposição “O Castêlo de Guifões: um porto comercial há 2000 anos”, que apresenta um conjunto de materiais arqueológicos provenientes do castro romanizado do Monte Castêlo, em Guifões. As peças documentam a sua longa diacronia de ocupação do sítio, assim como a forte ligação que este local, situado no estuário do Rio Leça, teve com o comércio marítimo e o mundo mediterrânico durante o período do Império Romano.
A exposição poderá ser visitada no Museu da Quinta de Santiago, até 17 de Fevereiro do próximo ano.
Conteúdo atualizado em26 de novembro de 2012às 12:43
