Placa junto à Capela e conjunto escultórico junto ao Farol serão alvo de uma intervenção
“Na praia lá da Boa Nova, um dia, Edifiquei (foi esse o grande mal) Alto Castelo, o que é a fantasia, Todo de lápis-lazúli e coral!”
São estes os primeiros quatro versos do soneto “Lá na Praia da Boa Nova”, que António Nobre (1867-1900) escreveu em 1887, evocando com saudade os tempos de infância e juventude passados em Leça da Palmeira, onde a sua família costumava passar o verão. As palavras do poeta constam de uma placa em mármore fixada na década de 40 no século passado numa rocha junto à Capela de Nossa Senhora da Boa Nova, em Leça da Palmeira. Com o tempo, a placa foi sofrendo os efeitos de décadas de exposição à ação erosiva da orla marítima. A oxidação da base provocou fraturas na pedra, que ameaçavam a sua estabilidade. Assim, a Câmara Municipal de Matosinhos decidiu retirar o painel com os versos de António Nobre para ser alvo de uma operação de restauro e limpeza dos sais e outros elementos microbiológicos que se formaram na superfície. As partes fraturadas serão coladas e as letras serão novamente avivadas, de forma a que as palavras de António Nobre voltem a ser visíveis. Após a conclusão do tratamento de conservação e restauro, a placa será novamente colocada no seu lugar original. A memória de António Nobre está também representada num conjunto escultórico junto ao Farol da Boa Nova, da autoria do escultor Salvador Barata Feyo, encomendado pela autarquia em 1970. A peça “António Nobre e as Musas” será igualmente alvo de restauro. Os anos de exposição ao mar revelaram, num diagnóstico, diversos pontos de corrosão da superfície, sujidades diversas e mesmo algumas fissuras. Além do tratamento de limpeza e conservação das superfícies de bronze, a Câmara de Matosinhos irá recolocar os elementos em falta, designadamente o pé de uma das musas que foi amputado e que desapareceu. Será feito um novo molde do pé da musa, que será fundido em liga de bronze e recolocado no seu lugar original. Os restos mortais de António Nobre, recorde-se, repousam no cemitério de Leça da Palmeira, local para onde foram trasladados em 1946 por decisão do seu irmão Augusto Nobre.