
Mais uma co-produção do Cine-Teatro Municipal Constantino Nery. A peça “Relativamente” está em cena até ao dia 25 de Abril, uma obra do autor inglês Alan Ayckbourn, com tradução, encenação e interpretação de João Lagarto, contando ainda com o desempenho dos actores António Pedro Cerdeira, Isabel Montellano e Patrícia Tavares.
Em RELATIVAMENTE o assunto é a mentira. Cruzando com uma espantosa eficácia cómica a esfera do privado e do público, as quatro personagens vêem-se envolvidos numa série de equívocos que se desenvolvem a uma velocidade vertiginosa e dos quais não conseguem, nem querem, sair.
É um retrato da classe média, das suas máscaras sociais e privadas, dos seus jogos de atracção e repulsa, das suas convenções, do seu arcaísmo e da sua modernidade.
É também um retrato do casamento, uma reflexão sobre o desejo e a transgressão, sem conclusões nem moralidades, mas com um perspicaz desenho de comportamentos, em que os personagens, apesar de continuamente “esticados” pela máquina da comédia, nunca deixam de ser plausíveis e reais.
É, para o actor, uma óptima oportunidade de definição de caracteres.
Procuramos um registo que não seja nem o da comédia de efeito simples, baseada no trocadilho verbal e na caricatura rasteira, nem o da vulgar cartilha naturalista e psicológica. São personagens fortemente ancoradas na realidade, mas com um metabolismo transtornado e acelerado pelo vórtice das situações (plausíveis apesar de tudo) em que se vêm envolvidos.
A mentira é a chave. Todos os personagens mentem, ou inventam, e todos eles gostam de o fazer. Mostram-se diferentes do que são realmente. Como se a vida social exigisse uma certa dose de falsidade para se manter de pé. Como se a classe média actual fosse uma parente distante da nobreza do ancien régime, com os seus rituais, as suas hierarquias, a impetuosidade dos seus desejos. Essa nobreza que estipulou a civilidade, as cartilhas de boas maneiras, as regras higiénicas da vida na corte.
A mentira é também o segredo e há qualquer coisa de policial e de misterioso nesta história. E são os objectos (os adereços) as testemunhas mudas mas fulgurantes daquilo que os personagens escondem. Esses adereços serão a marca plástica mais forte do espectáculo. Não haverá cenário, no sentido da delimitação dum espaço, haverá objectos, poucos e simples, mas suficientemente sugestivos quer da definição das situações quer dessas fulgurações de verdade em que os personagens tropeçam no meio da sua frenética dança de véus.
Procuramos decididamente o público.
Que ele reconheça (e se reconheça) nas atribulações das quatro personagens.
Procuramos envolvê-lo nesta máquina cómica, não lhe deixar tempo para respirar.
E que no fim saia do espectáculo divertido e mais coeso do que quando entrou, por ter assistido a uma história cuja lógica interna conseguiu colectivamente decifrar.
“Relativamente” está no Cine-Teatro Municipal Constantino Nery até ao dia 25 de Abril, de Quarta a Sábado às 21h30 e Domingo às 16h00, M12.
Encenação e Tradução João Lagarto
Figurinos Manuela Ferreira
Desenho de Luz José Carlos Gomes
Co-Produção Cine -Teatro Constantino Nery
Produção Alice Prata e Manuela Moura
Elenco António Pedro Cerdeira, Isabel Montellano, João Lagarto e Patrícia Tavares

