
O mais conceituado galardão de arquitectura do mundo - o prémio Pritzker - foi hoje entregue aos arquitectos japoneses, Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa. São estes os arquitectos que estão, neste momento, a desenvolver o projecto Serralves 21, um pólo multifuncional que albergará as reservas da Fundação de Serralves e que poderá ser visto em Matosinhos.
O júri elogiou os dois arquitectos parceiros na agência SANNA por criarem estruturas luminosas que se integram harmoniosamente com a paisagem circundante, destacando o edifício Christian Dior, em Tóquio, o pavilhão de vidro do Museu de Arte de Toledo e o novo Museu de Arte Contemporânea em Manhattan, Nova Iorque.
«As construções de Sejima e Nashizawa dão a ilusão de serem simples», sublinhou o júri, que aplica ainda ao trabalho da dupla os adjectivos "delicado", "poderoso", "fluido" e "engenhoso". A directora executiva do Pritzker, Martha Thorne, acrescentou que a arquitectura desta dupla “explora as ideias de leveza e transparência e força as fronteiras destes conceitos a ir até novos extremos”.
O diálogo entre a vivência do "caos" de Tóquio e uma relação zen com a vida, entre o consumismo e a civilidade, ou entre a cultura da imagem e o intimismo, ganha uma expressão eloquente na obra de Sejima e Nishizawa. Podemos falar de uma continuidade a vários níveis: entre a cultura tradicional, a moderna e a global; entre o mundo exterior e o interior. A "pele" - o "invólucro" do edifício - é, na obra de Sejima e Nishizawa, o garante deste processo de continuidade e equilíbrio. Sendo um dos temas-fetiche da arquitectura contemporânea, tem na obra da dupla japonesa uma especial importância: é o momento que define a elegância do edifício.
Do Japão para Portugal, os arquitectos japoneses estão neste momento a desenvolver um projecto que lhes foi atribuído, por concurso, para o projecto de um edifício multifuncional que deverá albergar as reservas da Fundação de Serralves, alargando o espaço das colecções da mesma. É possível, desta forma, dizer que esta arquitectura zen, moderna, tradicional e global, poderá futuramente ser visitada em Matosinhos.
Curiosamente, na lista de influências do duo japonês está um nome português: Álvaro Siza Vieira. O único Pritzker nascido em Portugal (atribuído em 1992) é colocado pelos japoneses ao lado de outros grandes da arquitectura como Frank Gehry e Rem Koolhas. A partir de 2012, obras de Siza Vieira e o atelier SANNA estarão, também elas, lado a lado. É para esse ano que está planeada a abertura do Serralves 21, o novo pólo multifuncional do Museu de Serralves que deverá albergar as reservas da colecção de arte portuense.
Entretanto, foi hoje, dia 30 de Março, aprovado por unanimidade em Reunião de Câmara um contrato de comodato entre a autarquia e a Fundação de Serralves. Refira-se que a Fundação está, neste momento, com um grave problema de falta de um espaço apropriado para guardar de um modo conveniente toda a sua colecção. Uma situação será ultrapassada com a construção do Pólo 2. Contudo, e até que este novo imóvel se concretize, é premente, para a Fundação, encontrar uma solução provisória.
Nesse sentido, e apelando à parceria estabelecida com a Câmara Municipal de Matosinhos, bem como na sequência da política cultural que vem sendo desenvolvida por esta autarquia, nomeadamente no que concerne ao investimento e apoio à promoção, difusão e divulgação da arte contemporânea, com particular incidência nos criadores nacionais, propôs-nos à Fundação de Serralves a possibilidade de se encontrar um outro espaço municipal que, transitoriamente, pudesse assegurar tal desiderato.
Estudadas várias hipóteses, entre os técnicos da Fundação e os da autarquia, emergiu a possibilidade da Câmara Municipal ceder parte do espaço de armazenamento que possui junto à Galeria Nave (no piso -1 dos Paços do Concelho). Todas as obras de adaptação ficam a cargo da Fundação que, em contrapartida, passa a assegurar parte da programação anual da referida Galeria.

