
"O canal vai onde vai o Metro". O canal é o Porto Canal, que arranca oficialmente no dia 23 de Junho - na simbólica véspera de S. João -, às 19 horas, na TV Cabo. E a definição pertence a Bruno Carvalho, que depois de ter ganho experiência como administrador da NTV - entretanto transformada na RTP N -, ficou convencido de que havia, no mercado, "apetência para um canal regional, capaz de dar visibilidade a pessoas que a não têm nos outros meios de comunicação social." É ele o fundador e futuro director do canal - uma emissão dedicada à Área Metropolitana do Porto, que irá também prestar particular atenção às cidades de Braga, Guimarães e Aveiro.
O contrato com a TV Cabo, cujas negociações, apesar de terem sido lentas, decorreram com "elegância", ficou, finalmente, fechado esta semana. É renovável ao fim dos três anos previstos no acordo inicial. Ainda não é conhecida a posição que irá ser atribuída ao canal, mas a operadora já assegurou que lhe irá dar "um local digno".
De resto, o posicionamento não é o mais importante, observa Bruno Carvalho. Importante é a meta que traçou "Até ao final do ano, sei que iremos ser um dos cinco canais mais vistos da TV Cabo". O canal funcionará em regime aberto, 24 horas por dia. "Estará acessível a toda a gente", sublinha.
"Recriar espírito da NTV"
Inspirado no "New York One" - canal urbano dedicado àquela cidade americana -, o Porto Canal, cujo estúdio será edificado em Matosinhos, pretende recriar o espírito da NTV. "Não podemos dissociar um canal do outro, porque não podemos esquecer-nos que a NTV conseguiu ser líder de audiências em horário nobre", explica. No Grande Porto, em Julho de 2002, conquistava 10,2% de "share" no Cabo.
O Porto Canal "terá, obviamente, muitas novidades", mas quando o telespectador o sintonizar verá devolvido "o cheiro da NTV". Não está, no entanto, em causa uma usurpação ou decalque do projecto precedente. "O que vamos fazer é preencher um lugar que ficou vazio com a extinção do anterior canal, e pelo qual as pessoas nutriam um entusiasmo, quase comovente, que era visível diariamente na rua."
"Se a NTV tivesse perdurado, não existiria Canal Porto", garante o seu impulsionador. E com o Canal Porto sobra espaço para outra aposta audiovisual semelhante? Bruno Carvalho tem dúvidas.
Não será reproduzido o projecto; será reproduzido o espírito. Por exemplo, na aposta em novos rostos. Se a NTV catapultou para o mercado figuras como Merche Romero ou Isabel Figueira, o Porto Canal fará o mesmo. "Seremos uma espécie de viveiro, conscientes de que os melhores, à semelhança do que aconteceu no passado, não ficarão connosco muito tempo." Neste momento, estão a ser estabelecidos protocolos com entidades, nomeadamente com universidades, no sentido de "absorver pessoas para trabalhar no canal". De resto, o próprio reitor da Universidade do Porto, Novais Barbosa, já foi nomeado presidente da Assembleia Geral da estação. "É um accionista que muito nos honra e é um esteio de credibilização do projecto", sustenta o director. A curto prazo, poderão também ser estabelecidas parcerias com outros órgãos de informação no sentido de permutar conteúdos.
No rol das transferências - poucas -, da NTV encontra-se Daniel Deusdado, ex-consultor editorial do canal, que será agora responsável pela informação. Não sendo um canal de notícias, o Porto Canal, "terá três blocos diários de informação e uma aposta forte no jornalismo de investigação".
Os conteúdos serão quase integralmente fornecidos por quatro produtoras da cidade Filbox, OP, Farol de Ideias e Media Lusa. "Há espaço para outras, desde que os programas sejam produzidos no Porto", ressalva Bruno Carvalho.
No ar a 23 de Junho
Com um capital social de um milhão de euros, o Porto Canal tem já assegurados 60% dos accionistas. As autarquias de Matosinhos e Gaia já confirmaram a adesão ao canal, cujo logotipo é inspirado numa música de Pedro Abrunhosa, que remete para os anjos existentes nos azulejos da cidade.
in Jornal de Notícias - 11/02/2006