Café concerto do Cine-teatro Constantino Nery lotado num recital centrado em nós, em Portugal.
Ontem, pelas 21.30 horas, no Café concerto do Cine-Teatro Constantino Nery sentiu-se poesia com emoção ou não fosse o ator António Durães a voz que disse Luis Vaz de Camões, Sophia de Mello Breyner, António Nobre, Ruy Belo, Alexandre O'Neill, Jorge de Sena, Daniel Abrunheiro, Miguel Torga, Eugénio de Andrade, Jorge Sousa Braga ou Ary dos Santos.
Portugal, a pátria, sentir o nosso país, tê-lo no coração. A voz, a emoção, as palavras sentidas e ditas com todo o sentido. Foi assim esta Poesia com Todos… e com António Durães.
Portugal e o caso português, na reflexão poeticamente falada através dos tempos e dos poetas. Mas não se quer ir muito atrás, muito longe no tempo. Não há uma única cantiga de amigo ou de escárnio, embora muitos poemas sejam mal dizentes: Pascoais, Sophia, Ary dos Santos, Sena, O’Neill, Torga, Jorge Braga, Junqueiro e poucos mais. Uns, com mais acinzentados pensamentos poéticos sobre a Pátria, e outros nem por isso.
É o Portugal profundamente poético, na relação rimada, ritmada, com os portugueses. O Portugal de Nobre, o nobre Portugal pequenino das moscas e da cerâmica, o Portugal do Senhor dos Navegantes e do Senhor de Matosinhos, o Portugal de plástico de O’Neill, o Portugal das três sílabas apenas. O Portugal da TSU política e instrumental, na rima ou no verso branco de tantas respirações poéticas fundamentais da literatura portuguesa. Com IVA ou com IRS, não importando o escalão. O Portugal descalonado. O Portugal dos desafinados, dos adiamentos, do ‘’vão por mim que eu vou lá ter’’. O Portugal dos teatros vazios (de sentido… de fundos… de públicos…), do Adamastor e de Cesariny, que o caso é outro. O Portugal portuguesinho. Dos Pequenitos. Do amor e do ódio.
Neste recital, ‘’O rosto que (nos) fita é Portugal’’, como diz Pessoa. E nós somos Portugal.