Terceira edição desta recriação histórica foi um sucesso atraindo a Leça da Palmeira milhares de visitantes em três dias.
Terminou ontem, domingo, dia 29 de junho a terceira edição da Recriação Histórica "Os Piratas em Leça da Palmeira", uma das três grandes recriações históricas que a Câmara Municipal de Matosinhos apresenta ao longo do ano. Depois da Lenda de Cayo Carpo ter sido um reconhecido sucesso e conferindo grande animação à zona da Marginal de Matosinhos, do Senhor do Padrão e da Rua Heróis de França, foi a vez de Leça da Palmeira, na zona envolvente ao Forte Nossa Senhora das Neves receber, em três dias, milhares de pessoas que fizeram questão de ver os Piratas, as dramatizações, os produtos à venda, os petiscos, os saltimbancos, os artistas, e as animações.
Ontem foi dia de Entrada Régia, com o cortejo histórico para a receção a D. João V, e ainda da cerimónia de aclamação de D. João, “rei de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém Mar em África, Principe do Brasil, Duque de Bragança e Conde de Ourém”, com direito a beija-mão real.
Nas dramatizações, destaque ainda para o ataque de paralisia de D. João V e visita dos físicos à corte ou ainda o Auto-de-fé e condenação à morte do escritor judeu, António José da Silva, numa adaptação dramatúrgica da obra de Bernardo Santareno.
A sessão de encerramento foi com “pompa e circunstância” e com promessa de regresso daqui a um ano. Os Piratas é uma das mais divertidas recriações históricas de Matosinhos, principalmente para os mais pequenos, deixando saudades em todos.
Ao longo de três dias de muitas aventuras, foram recriadas as artes e ofícios da época. Os visitantes tiveram, por isso, a oportunidade de se cruzarem com sopradores de vidro, ferreiros, fabricantes de cestas, oleiros, barbeiros e as suas navalhas, dentistas, ardinas, tanoeiros, carpinteiros, mineiros, ourives e banqueiros, relojoeiros, costureiras, escultores, boticário, lojas de café, chá e chocolate.
“Os Piratas” fazem parte da história documentada de Matosinhos. Naus, galeões, patachos e caravelas, que asseguravam o comércio marítimo, resistem aos ataques de normandos, mouros, franceses, ingleses e holandeses. A coroa portuguesa contrata corsários para fazer face às pilhagens e assaltos das embarcações inimigas.
De salientar que um dos ex-libris destes três dias, com elevada procura e lotação praticamente esgotada em cada visita, foram as visitas guiadas ao Forte Nossa Senhora das Neves, para muitos a primeira oportunidade que tiveram de conhecer um monumento que, há quase 400 anos, faz parte da imagem da cidade.
A próxima Recriação Histórica será junto ao Mosteiro de Leça do Balio. Todos os anos, no segundo fim-de-semana de setembro, Matosinhos regressa à época medieval com “os Hospitalários no Caminho de Santiago”.
Com o propósito de reavivar memórias e tradições dispersas e em risco, e de valorizar a peregrinação a Santiago e os seus testemunhos no concelho, a Câmara de Matosinhos tem vindo a promover e organizar, na envolvente do Mosteiro de Leça do Balio, uma festa de multifacetadas vertentes.
2014 marca a 9ª edição de “os Hospitalários no Caminho de Santiago”, iniciativa que decorrerá entre os dias 11 e 14 de setembro e que tem já presença assídua na agenda das principais festividades do norte do país.
Este ano, as recriações históricas ganham particular importância, uma vez que no próximo dia 30 de Setembro, completam-se 500 anos sobre a data de atribuição de Foral a Matosinhos pelo rei D. Manuel I. Tal facto reveste-se de uma grande importância histórica já que representou o definitivo alicerçar de Matosinhos como uma entidade territorial e administrativa própria, “libertando-se” de anteriores jurisdições medievais.
O Foral de Matosinhos veio reconhecer a crescente importância que a povoação possuía graças à sua relação privilegiada com o mar. Para além das atividades tradicionais no estuário do Leça (pesca, produção de sal, práticas portuárias …), surgia agora a construção naval e uma crescente atividade marinheira.
Naqueles inícios do século XVI, Matosinhos e os seus mareantes eram já uma referência nacional. Matosinhos apontava então definitivamente para a modernidade. Era uma terra e uma comunidade líder quando se falava de novos horizontes e desafios.
Uma característica que, cinco séculos depois, importa valorizar, preservar e, se possível, reforçar. Celebrar os 500 anos do Foral de Matosinhos é, portanto, sublinhar o nosso Presente e apostar no Futuro.
A Câmara Municipal de Matosinhos tem vindo a assinalar esta efeméride ao logo do ano de forma a que a sua programação cultural em 2014 fique associada a tais comemorações, destacando-se as recriações históricas.
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