O músico e compositor falou dos livros e viagens da sua vida e encantou a plateia com miniconcerto
A 12.ª edição do Festival LeV – Literatura em Viagem arrancou ontem, 11 de maio, pelas 21h30, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Matosinhos, com a conferência inaugural , este ano a cargo do músico e compositor, Pedro Abrunhosa, autor de um dos mais inovadores trabalhos musicais portugueses das últimas décadas, o álbum “Viagens”, de 1994, entre outros álbuns de sucesso.
A abertura oficial do festival foi feita pela Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, numa sessão na qual marcaram também presença a Presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, o Vice-Presidente, Eduardo Pinheiro, o Vereador da Cultura, Fernando Rocha, e o Vereador da Educação e Ambiente, António Correia Pinto.
A Presidente da Câmara, Luísa Salgueiro, recordou a importância do conceito de viagem na História de Matosinhos e dos matosinhenses, salientando ainda os 12 anos do LeV, um festival de literatura que ganhou amarras e que marca agora de forma incontornável a agenda cultural e literária nacional.
Pedro Abrunhosa começou a viajar cedo, com 13 anos, referiu. O músico começou por contar que, no ano de 1974, fez uma viagem de comboio entre o Porto e Lausanne para ir ter com um tio que era engenheiro químico na Suíça. Este foi um momento que o marcou: “foi uma experiência enriquecedora porque Portugal era ainda um país de negro, saído de 48 anos de ditadura”.
Para Pedro Abrunhosa viajar é um permanente descobrir e perceber que o mundo é diferente e desigual.
Outra das viagens que marcou o músico, e que, por isso, fez questão de partilhar com o público presente foi a visita que fez ao campo de concentração de Auschwitz, antes da queda do Muro de Berlim. Abrunhosa descreveu esta experiência como avassaladora questionando como foi possível que a alta cultura tenha permitido o holocausto. E esta continua a ser uma questão atual uma vez que, referiu, “estamos a assistir à tomada do poder por entidades sinistras e populistas”.
Para Pedro Abrunhosa é fundamental, nos dias de hoje, olhar para a cultura: “Se há atividade humana que deixa sementes e sementes de bondade, é a cultural. Cria dignidade, sentido de respeito e de memória. Cria pessoas maiores”.
O músico e compositor percebeu ainda que a presença de um piano no Salão Nobre dos Paços do Concelho estava a criar expectativas no público para ouvir algumas das suas músicas. E assim terminou esta conferência inaugural do LeV: com Eurico Amorim no piano, Pedro Abrunhosa cantou e encantou, colocando toda a plateia a cantar consigo “Para os Braços da Minha Mãe”.
Pedro Abrunhosa começou a sua carreira no jazz. Em 1984 foi para Madrid, aprender com o contrabaixista Todd Coolman e os músicos Joe Hunt, Wallace Rooney, Gerry Nyewood e Steve Brown. E depois com Adriano Aguiar e Alejandro Erlich Oliva, seus mestres de contrabaixo. Participou em seminários internacionais, formou bandas, tocou em orquestras, realizou tournées. Ensinou contrabaixo na escola do Hot Club de Lisboa, realizou e produziu o programa “Até Jazz”, no Rádio Clube do Porto. Fundou a Escola de Jazz do Porto e a “Cool Jazz Orchestra”, que viria a transformar-se em “Pedro Abrunhosa e a Máquina do Som”, que executava temas originais.
A viagem seguinte apresentou os Bandemónio. E o álbum a que chamou “Viagens”, editado em 1994. Um disco de rock cheio de jazz e de vida. Pedro Abrunhosa sempre viajou. Pelos vários continentes da música, tal como pelo mundo, com uma Renault 4L em segunda mão ou à boleia, com uma mochila às costas. Ao contrário de muitos outros, o seu percurso musical foi do mais complexo ao mais simples, rumo à depuração da linguagem, com destino à essência das coisas. Quando chegou ao rock trazia a mochila cheia de História e de rigor. “Viagens” atingiu a tripla Platina, com mais de 140 mil exemplares vendidos. Pedro Abrunhosa comparecia finalmente ao encontro que parecia marcado há muito com as grandes audiências. Tinha algo para lhes dizer, e foi entendido.
2010 foi ano de viragem. Reúne os Comité Caviar, alia-se ao produtor João Bessa, e lança o álbum Longe, que atinge o galardão de dupla platina. Em dezembro de 2013 é editado o 7.º disco de estúdio de Pedro Abrunhosa, ‘Contramão’. Onze novas canções, incluindo os singles ‘Toma Conta de Mim’ e ‘Voámos em Contramão’ que fizeram, uma vez mais, grande sucesso.
Pedro Abrunhosa lança um novo disco no próximo mês de outubro.
Depois do sucesso da conferência inaugural, o Festival Literatura em Viagem continua hoje, sábado, 12 de maio com o seguinte programa:
Galeria Municipal
15.00. MESA 1: Apresentação do livro Nómada
João Luís Barreto Guimarães, Pedro Abrunhosa
Moderação: Francisco José Viegas
16.00. MESA 2: Senhor de Matosinhos
Os homens e as mulheres que construíram Matosinhos. Uma viagem pelos protagonistas da cidade do mar.
Convidado: Joel Cleto
Moderação: Tito Couto
17.00. MESA 3: Cidade Maravilhosa - Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro continua lindo ou a realidade acabou por encurralar a beleza da cidade na ficção, na poesia ou na televisão? Que Rio de Janeiro é este, o da violência ou o da Baía da Guanabara?
Adriana Calcanhotto, Alexandra Lucas Coelho
Moderação: Tito Couto
18.00. MESA 4: A Cidade que não dorme - Nova Iorque
Nova Iorque é a cidade que mais gente conhece sem nunca lá ter ido. A sua presença no cinema faz dela um espaço verdadeiramente global. E como será na literatura?
Isabel Lucas, João Tordo
Moderação: Hélder Gomes
Festas do Senhor de Matosinhos
21.30. Visita dos autores do LeV à Festa do Senhor de Matosinhos
22:00. Poesia Mal_dita
Sessão inusitada e súbita de poesia, por Isaque Ferreira e João Rios, na Romaria do Sr. de Matosinhos.
Biblioteca Municipal Florbela Espanca
15.45 – Visita guiada com a autora – Raízes
Galeria Municipal
Acordo Fotográfico - exposição
Para mais informações e programa completo: http://www.cm-matosinhos.pt/uploads/writer_file/document/18326/Programa_LEV.pdf
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