
A palestra, intitulada “Toxinas Marinhas: Armas químicas ou armazéns de energia?”, realizou-se no âmbito do Ciclo Café Ciência e contou com a presença da Vereadora do Ambiente, Dr.ª Joana Felício.
Muitas espécies marinhas produzem substâncias com efeitos tóxicos face a predadores ou como auxiliares no processo de alimentação. É o caso das toxinas das medusas ou de certos moluscos gastrópodes ou de peixes. No entanto, nem todas as toxinas conhecidas até ao momento parecem caber nesta classificação, desconhecendo-se qual a sua função.
Na palestra, o Prof. Dr. Vítor Vasconcelos falou de toxinas marinhas, dos organismos que as produzem, dos seus efeitos nas espécies alvo e no potencial uso farmacológico de muitas destas substâncias químicas.
Muitas das toxinas estudadas podem ter outras funções diferentes para os organismos que as produzem como, por exemplo, serem reservas de energia e simultaneamente tóxicas para outros organismos. É o caso das toxinas dos dinoflagelados ou das diatomáceas que formam as conhecidas marés vermelhas e que têm um impacto económico importante na apanha e comercialização de moluscos bivalves.
O Prof. Dr. Vítor Vasconcelos abordou ainda questões relacionadas com o impacto que estas toxinas têm na saúde humana e nas perspectivas futuras face às alterações globais no nosso planeta.
Professor Catedrático no Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), o Dr. Vítor Vasconcelos é investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto (UP).
Na FCUP é membro do Conselho Científico e responsável por disciplinas da área de Toxicologia Ambiental e Director do Curso de Mestrado em Contaminação Ambiental e Toxicologia (FCUP e ICBAS- Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar).
No CIIMAR é o Director do laboratório de Ecotoxicologia Económica e Evolução, dedicando-se ao estudo de toxinas de organismos marinhos e de água doce.
Com mais de 100 trabalhos publicados em revistas científicas internacionais, tem a seu cargo a orientação de mais de 40 alunos de mestrado e 20 de doutoramento.
É membro da Direcção do Colégio do Ambiente da ordem dos Biólogos e dos conselhos científicos dos programas doutorais de biologia da UP e da Universidade de Aveiro (UA), bem como do programa doutoral em Ciências do Mar e do Ambiente da UP e da UA.
É membro da Direcção do CIIMAR desde 2006, sendo responsável pela área da Divulgação Científica e serviços.
O Prof. Dr. Vítor Vasconcelos coordenou o CMIA de Vila do Conde desde a sua abertura, em 2007, até Março de 2010, estando agora a coordenar o CMIA de Matosinhos.
O CMIA é um centro de divulgação científica, educação ambiental e monitorização na área do mar. Resulta de um protocolo com o CIIMAR.
O objectivo do CMIA é demonstrar ao grande público que conhecer melhor o mar é essencial para o melhor saber gerir, atribuindo ao cidadão comum um protagonismo na evolução futura do mar.
O CMIA de Matosinhos tem um carácter integrado, ligando através de uma abordagem científica as tecnologias modernas de exploração e investigação dos oceanos, em todas as suas componentes- física, química, geológica e biológica- , bem como os aspectos económicos e sociais da interacção homem/ambiente.
“Por mares já muito navegados”
Desde 4 de Agosto que está patente no CMIA de Matosinhos a exposição “Por mares já muito navegados”, patrocinada pelo Conselho Científico do IPIMAR (Instituto de Investigação das Pescas e do Mar) e com o apoio do Director do IPIMAR.
As fotografias em exposição resultam de 31 anos de campanhas de investigação e dividem-se em secções: “Equipamento”, “Trabalho é trabalho!”, “Ciência muito aplicada!”, “Criatividade não nos falta!”, “A história não se repete”, “Horas de lazer serão horas de prazer?”, “E a terra aqui tão perto!”.
A recolha de informação pretendeu avaliar o estado de exploração dos principais recursos da pesca nas fases explorada e não explorada, e caracterizar o ambiente aquático e as comunidades fito e zooplanctónicas.
Para a recolha desta informação foi fundamental o apoio de navios de investigação como o “Noruega”, uma embarcação oferecida por aquele país nórdico a Portugal, que foi adaptado para efectuar oceanografia em zonas costeiras e oceânicas.
O “Noruega” tem um comprimento de 47,5 m, atinge 13 nós de velocidade máxima, 9500 milhas de autonomia e 1500 HP de potência. A tripulação é constituída por 18 pessoas, às quais se juntam mais 12 elementos da Equipa Técnica. O navio possui laboratórios de hidrografia, biologia/química, biologia/amostragem e acústico. Dedica-se à realização de campanhas de bioceanografia e pescas, que envolvam oceanografia e plâncton, sedimentos e fauna bentónica, rastreio acústico, arrasto pelo fundo, arrasto pelágico, armadilhas e aparelhos de linha.
A exposição poderá ser visitada até ao próximo dia 30 de Setembro, de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 17h00.

