Nascer e viver junto ao mar, muitas vezes o poder das águas invade corpo e alma, toma-nos de adopção. Oliveira Lopes tinha convivência espiritual com o mar; enfrentava-o, acarinhava-o. Em termos afectivos e genéticos era avô e neto, pai e filho de gente do mar. Enfrentando-o, quantas vezes o mandou calar? Acarinhando-o, quantas vezes lhe deu voz para falar? Não conheço mais ninguém com esse dom! No dia da sua morte, ouvi o rumor das águas a pedir a sua entrega. Passa amigo...mandei abrir o mar!
Prof. A. Cunha e Silva
Matosinhense, antigo jornalista do Jornal de Notícias, Oliveira Lopes morreu com 70 anos tendo-se realizado o funeral, hoje, pelas 16 horas, no Tanatório de Matosinhos. Uma vida dedicada a várias causas entre o jornalismo e a defesa dos interesses da sua terra: Matosinhos. A vida e as histórias das gentes do mar tocavam-se de perto e a elas dedicou muito do seu tempo enquanto escritor e jornalista.
António Oliveira Lopes nasceu na Avenida Serpa Pinto em 1942, frequentou a Escola Primária dos Sinos e, mais tarde, a Escola Gomes Teixeira e a Escola Infante D. Henrique, no Porto.
Trabalhou na APDL, numa fábrica alemã na Trofa, tornando-se mais tarde jornalista profissional. Escreveu o livro “Vozes do Mar”, editado pela Câmara Municipal de Matosinhos, em homenagem aos 152 pescadores falecidos no naufrágio de 1947. Escreveu também “Pedaços de Mar”, histórias sobre alguns dos mais importantes artesãos de mar de Matosinhos.