01.10.12
Milhares "invadiram" Forte de Nossa Senhora das Neves, em Leça da Palmeira.
S. Pedro ajudou à festa. Ao longo dos últimos três dias, foram milhares os visitantes que percorreram a zona envolvente ao Forte Nossa Senhora da Neves e se cruzaram com corsários, escravos e mestiços, turcos e jesuítas, judeus e cristãos-novos, alquimistas loucos, bruxos desastrados, astrónomos, matemáticos e físicos, príncipes e poetas, comerciantes, artesãos, pescadores, nobres, mendigos, marinheiros, personagens que deram vida a uma recriação histórica inédita que nos levou até meados do século XIV.
Depois do sucesso “Os Hospitalários no Caminho de Santiago”, a Câmara Municipal de Matosinhos apostou num grande evento de animação com o intuito de valorizar a memória coletiva e o património histórico e cultural que lhe está associado.
Uma equipa de 50 animadores vestiu com rigor e dedicação a pele dos Piratas, que interagiram com o público nas várias iniciativas programadas como a caça ao tesouro, o baile de máscaras, o leilão de escravos da Guiné, o rapto das freiras do Convento das Aguadeiras em Flor, o julgamento dos piratas, os passeios de coche, os manjares da época, os cortejos históricos, músicas e serenatas, malabares de fogo e pirotecnia, o auto-de-fé e a condenação à morte do escritor judeu António Judeu da Silva, ou a chegada do Rei D. João V, o Magnânimo, e da arquiduquesa D. Maria Ana de Áustria.
Além da animação, cerca de 100 barraquinhas distribuídas pelo recinto representaram as várias artes e ofícios da época como o encadernador, o calígrafo, o peleiro, o alfageme, o marceneiro, o tintureiro, a tecedeira, o boticário, o físico, químico e alquimista, o barbeiro, o cesteiro, o padeiro, o alfaiate, o ourives e o ferrador, dando a conhecer aos mais novos tradições que se perderam com o tempo.
O artesanato, a doçaria conventual, as ervas milagrosas, as tendas da sangria, cerveja e ginjinha, as sandes de porco no espeto, o pão com chouriço ou as fogaças fizeram as delícias de quem recuperava forças para assistir aos duelos de piratas.
As visitas guiadas ao Forte Nossa Senhora das Neves foram igualmente um êxito em termos de adesão. Este monumento, classificado como Imóvel de Interesse Público desde 5 de dezembro de 1961, começou a ser construído em 1651. Atualmente é a sede da Capitania de Leixões, mas acolheu outrora a Alfândega do Porto e a secretaria do Porto de Leixões. Contudo, muitos dos visitantes desconheciam o significado da planta de estrela de quatro pontas ou até a sua importância na linha de defesa da nossa costa, após a restauração da independência em 1640, contra os ataques espanhóis e corsários.
Depois do êxito da primeira edição, os Piratas prometem regressar a Leça da Palmeira, no próximo ano, já em Julho.
Conteúdo atualizado em1 de outubro de 2012às 11:40
