Virgílio Castelo, Miguel Sermão, Rita Cruz e Ana Lúcia Palminha brilharam no palco do Nery
A história, mais do que verídica, é inspirada num caso real (e bem sintomático do tempo que vivemos): um angolano bem-vestido chega ao aeroporto de Lisboa e é detido por suspeitas de ligação a uma organização terrorista, sendo longamente interrogado por dois inspetores da Polícia Judiciária e por uma agente da CIA, os quais tentam arrancar-lhe uma confissão – custe o que custar. Escrita em quinze dias por Mia Couto e José Eduardo Agualusa, a peça “O Terrorista Elegante”, do teatro da Comuna, subiu ontem, sábado, dia 11 de fevereiro, ao palco do Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery.
Culpado ou inocente, Charles Poitier Bentinho, o presumível terrorista, tem, pelo menos, a suspeita capacidade de falar com os pássaros e de, com a sua tranquilidade, acabar por levar os três interrogadores a refletirem sobre os seus próprios problemas. Não menos importante, “O Terrorista Elegante” assume a condição de parábola sobre a paranoia securitária, questionando-a e interpelando-a pela voz de dois dos mais importantes escritores africanos de língua portuguesa da atualidade.
Interpretada por Miguel Sermão, Virgílio Castelo, Rita Cruz e Ana Lúcia Palminha, a peça é encenada por João Mota e assinalou o regresso a Matosinhos de uma das principais companhias teatrais portuguesas.
Este mês, recorde-se, o Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery receberá ainda as peças “Lições de dança para pessoas duma certa idade”, interpretada por João Lagarto, nos dias 17 e 18, e “Variações, de António”, no dia 25.