Uma peça que retrata a agitação duma família após a morte do pai onde as verdades até aí contidas emergem do passado para assombrar o presente.
O Cine-Teatro Constantino Nery teve casa cheia na noite de 18 de abril em que recebeu “O Pelicano” do sueco August Strindberg pela Companhia de Teatro de Almada.
Na Idade Média, acreditava-se que o pelicano era uma das aves mais zelosas para com a sua prole, dando-lhe de beber do seu próprio sangue quando a comida escasseava. Nesta peça, Strindberg explora a ambivalência do mito, a fronteira ténue que este desenha entre a vida e a morte.
O espetáculo, com encenação de Rogério de Carvalho, faz parte do conjunto de peças de câmara com as quais o dramaturgo sueco August Strindberg inaugurou o Teatro Íntimo, em Estocolmo, no início do século XX. Trata de tudo aquilo que se agita numa família quando morre o pai, retratando, em palco, a vida caótica e disfuncional de uma família que, no seguimento da morte do pai e do casamento da filha com o amante da progenitora, se precipita para a tragédia. É neste momento de luto que as relações entre uma mãe egoísta e manipuladora é a origem e o fim de todas as tensões, nada fazendo, por exemplo, para contrariar o rumo desolador de um filho entregue ao álcool e de uma filha que, por sua culpa, não conhece a felicidade conjugal. A cada troca de palavras começa a transbordar a verdade que até então tinha estado contida. E tudo aquilo que emerge do passado vem lançar uma sombra terrível sobre o presente.
“O Pelicano”
Intérpretes Adriano Carvalho, Joana Francampos, Maria Frade, Pedro Walter e Teresa Gafeira