Exposição na Galeria da Biblioteca Municipal Florbela Espanca.
Os admiradores do universo de António Lobo Antunes já podem visitar a mostra de fotografias de Ana Carvalho dedicada ao “Mundo de Lobo Antunes”.
A mostra, que ficará patente até 19 de setembro, procura captar e reconstruir o ambiente urbano e marcadamente lisboeta da obra literária de António Lobo Antunes, um dos mais conceituados autores de língua portuguesa.
Ana Carvalho nasceu no Porto e atualmente reside na Holanda, sendo casada com Harrie Lemmens, o tradutor holandês de António Lobo Antunes. Além de fotógrafa é também tradutora, sendo Master of Arts em literatura inglesa e alemã. Tem exposto desde 2009 e colabora em diversas revistas.
Esta exposição surge do prolongamento de uma outra que Ana Carvalho fez na Holanda a propósito da apresentação do livro “Als een brandend huis”, a tradução de “Caminho Como Uma Casa Em Chamas” para holandês, pela mão do marido.
António Lobo Antunes admite a sua perplecidade pelo título da exposição, uma vez que diz não possuir nenhum mundo. “E nem sequer estou certo de me possuir a mim mesmo”, acrescenta. Para o escritor, Ana Carvalho “decidiu ilustrar, à sua maneira, o que ela considera um universo ficcional”. “É evidente que existe uma coerência na minha obra, é evidente também que os livros formam um continuum, mas não me cabe a mim elucidá-lo. Essa tarefa compete ao leitor. A Ana entendeu-o assim e dele dá testemunho nas suas fotografias. Não tenho mais que aceitá-lo. O que me parece importante é que a sua obra tem evoluído no sentido aparentemente paradoxal de uma simplicidade complexa e, sobretudo nos últimos trabalhos que vi, afigura-se-me que a sua riqueza reside principalmente na aparente pobreza dos materiais que apreende, fabricando com eles um universo pessoal”, esclarece. “Se é ou não o mundo de Lobo Antunes, o espectador dirá. O mais relevante é a que a sua obra se tornou cada vez mais pessoal e constitui, sobretudo, o mundo de Ana Carvalho. Se coincidir com aquilo a que chama o meu mundo tanto melhor para mim, pelo apreço que por ela tenho”, conclui o escritor português.