14.05.12
Obra encomendada pela Câmara Municipal marcou o início das Festas do Senhor de Matosinhos.
Sexta-feira à noite, dia 11 de Maio, o palco do Cine-teatro Constantino Nery recebeu pela segunda vez uma ópera. Um espectáculo de aproximadamente hora e meia que encantou o público presente. A “Rainha Louca”, ópera em dois actos com música e libreto de Alexandre Delgado e encenação de Joaquim Benite, estreou no Centro Cultural de Belém em 2011, durante o Festival de Almada. Criada a partir da peça O tempo feminino, de Miguel Rovisco, constitui a segunda parte de uma Trilogia da Loucura, sucedendo a O doido e a morte, a partir da farsa de Raul Brandão (estreada em 1994), e tendo por personagem central D. Maria I (1734-1816).
São várias as possíveis razões para a sua loucura: padres fanáticos que a convenceram que o seu pai ardia no inferno; a perda do seu marido à qual se juntou a morte do filho primogénito; a prisão de Maria Antonieta e a ideia de que a França podia decapitar a sua rainha. D. Maria procura fugir desta desgraça e evadir-se para um mundo de sonho e beleza, tendo por companhia Henriqueta, uma jovem gélida que lhe serve de dama de companhia, e Rosa, uma criada negra que simboliza a ausência de pecado. Das angústias e as alucinações de D. Maria emergem situações ora cómicas, ora pungentes.
Compositor e violetista, Alexandre Delgado, autor da música e libreto, foi aluno em composição de Joly Braga Santos e de Jacques Charpentier. Vencedor do Prémio Jovens Músicos em 1987, estreou como solista o seu Concerto para Violeta em Portugal, Espanha e Holanda. Prolífico compositor, o seu génio musical tem abraçado diferentes géneros. A sua ópera de câmara O doido e a morte foi estreada no Teatro de São Carlos e no Theater Am Halleschen Ufer em Berlim, sob sua direcção. É membro do Quarteto Lacerda e do Moscow Piano Quartet e director artístico do Festival de Música de Alcobaça desde 2002. Assina o programa A Propósito da Música, na Antena 2, e é autor ou co-autor de vários livros, entre os quais Luís de Freitas Branco, primeira obra de fundo dedicada àquele importante compositor.
Quanto ao encenador, também diretor do Teatro Municipal de Almada e do Festival de Almada, Joaquim Benite encenou mais de uma centena de obras do repertório internacional e português, tendo estreado autores como José Saramago, Virgílio Martinho e Fonseca Lobo. Dirigiu recentemente O fazedor de teatro (2004, espectáculo distinguido pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro) e O presidente (2008), textos de Thomas Bernhard. Em 2008 encenou Timão de Atenas ,de Shakespeare, no Festival de Mérida, e em 2010 a ópera A clemência de Tito de Mozart, no Teatro Nacional de São Carlos.
Depois da ópera de Alexandre Delgado O doido e a morte, dirigiu ainda a estreia em Portugal de Troilo e Créssida, de Shakespeare, e A Mãe, de Brecht. Dirigiu espectáculos no Centro Cultural de Belém, Fundação Gulbenkian, Teatro Nacional D. Maria II,Teatro da Trindade, etc. É comendador da Ordem do Infante D. Henrique, comendador da Ordem de Mérito Civil de Espanha, e Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras de França. Entre muitas outras distinções, obteve a Medalha de Honra da Cidade da Amadora, a Medalha de Ouro da Cidade de Almada, a Medalha de Mérito Distrital de Setúbal e a Medalha de Mérito.
Destaque ainda para os intérpretes desta “Rainha Louca”, Ana Ester Neves, Maria Luisa de Freitas, Ana Paula Russo, Teresa Cardoso Menezes e Nilma Santos e para os bailarinos , Avelino Chantre, Cazuza, Cuca, Elza Linora Dinga e Hélio Santos.
Vera Morais na flauta; Laura Marcos no oboé; Miguel Costa no clarinete; Dario Ribeiro na trompa; Susana Janeiro no fagote; Marco Fernandes na percussão; Ceri Jones na harpa; Marcos Magalhaes no cravo; Vitor Vieira e Juan Maggiorani nos violinos; Catherine Strynckx no violoncelo; e Abel Carvalho no contrabaixo, são os membros da Orquestra que “brilhou” com a “Rainha Louca”.
Conteúdo atualizado em14 de maio de 2012às 14:55
