Fernando Lopes Graça. Compositor, maestro, destacado homem da cultura e um dos símbolos maiores da resistência à ditadura que, durante quase meio século, ensombrou o nosso país. Assinalar os vintes anos da sua morte, num período particularmente difícil para Portugal, é mais do que uma mera homenagem – o que só por si se justificaria. É também recordar que o seu legado de combatente por um mundo justo, livre e solidário se mantém atual. E que a música permanece, de um modo intemporal, como um instrumento singular para alcançar essa aspiração.
Fernando Lopes Graça, vulto maior da Cultura portuguesa do século XX, é um velho amigo de Matosinhos. Fortes amizades e cumplicidades trouxeram-no até nós ao longo da vida por diversas vezes. Como corolário dessa relação e reconhecendo todo o seu percurso cívico e criativo, ainda em vida, a Autarquia entregou-lhe a medalha de Honra de Matosinhos e promoveu diversos concertos nos quais foram executadas muitas das suas obras. Em 1995, logo após o seu desaparecimento, promovemos uma exposição e editamos o livro “Uma Homenagem a Fernando Lopes Graça”. E, no décimo ano da sua morte, lançamos, com a presença do Presidente da República Jorge Sampaio, um CD com a gravação de seis sonetos interpretados por António Rosado, resultantes de uma encomenda que a Câmara havia feito ao compositor.
No 20º aniversário da sua morte, reclamando a nossa (pequena) quota parte da herança de Lopes Graça, somos também conscientes das responsabilidades a que, por isso mesmo, nos encontramos obrigados. Assinalar a sua memória é um imperativo cultural e de cidadania.
Assim, no âmbito da programação musical da temporada 2014 “Música em Matosinhos”, realiza-se já na próxima quinta feira, dia 6 de fevereiro, um recital evocativo/comemorativo dos 20 anos da morte do compositor Fernando Lopes-Graça (1906-1994), com o pianista Fausto Neves.
O programa do concerto está integralmente preenchido com obras deste compositor, e percorre várias fases da produção de Lopes-Graça, desde a proximidade da recolha etno-musical (“Melodias Rústicas Portuguesas”) até a uma estilização mais erudita (“Cinco Nocturnos”), passando por um verdadeiro diário musical de afetos e de pesares (“Músicas Festivas” e “Músicas Fúnebres”), e concluindo com a primeira das suas obras com forma mais extensa – a “Sonata nº1”.
Este concerto, que contará ainda com a intervenção da pianista Joana Resende, integra-se num trabalho de investigação sobre “Recepção Musical” e apelará à colaboração do público.
