“Mochila”

Depois do ensaio à imprensa, a 5 de abril, a peça “Mochila” subiu ontem, 6 de abril, pelas 21h30, ao palco do Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery num exercício teatral de criação com encenação de Gonçalo Amorim, dramaturgia de Jorge Louraço e produção do Teatro Experimental do Porto (TEP).

A peça que estreou ao público ontem conta ainda com mais três sessões: hoje, 7 de abril, pelas 18h00 e 21h30, e amanhã, 8 de abril, pelas 16h00.
“Mochila” parte de um exercício teatral de cocriação, para o qual foram selecionados sete jovens de Matosinhos numa audição realizada em janeiro. Os atores mantiveram os nomes próprios, mas dão corpo a um enredo que tem na sua base o desaparecimento de “Moche” um dos membros do grupo.

Uma noite por semana, a Rita, o Bernardo, a Carolina, a Inês, o Hugo, a Beatriz, a Paola e o Moche juntam-se para ensaiar uma peça de teatro.

Terminado o ensaio, os jovens atores caminham juntos e, ao fim de algumas centenas de metros, notam a ausência do amigo, que não se tinha despedido.

Quando começam a pensar, recordam-se de que ele não estava num dos seus melhores dias e que pouco tinha falado durante o ensaio. E ficam cada vez mais preocupados. Regressam ao teatro e encontram apenas pistas que não permitem perceber o que aconteceu.

Quando finalmente o Moche é encontrado, os atores percebem que o tempo passou muito mais depressa do que pensavam e que já não são bem os mesmos que eram quando a busca começou. Quando damos pela falta dos amigos, às vezes é tarde demais.

No Teatro Municipal de Matosinhos, vindo da rua, o grupo começou imediatamente a interagir com o público e fê-lo praticamente ininterruptamente até ao final, misturando-se o que é o palco e quem faz parte da plateia. Sussurraram-se sete histórias diferentes, mas todas sobre o mesmo protagonista: Moche, o amigo que usava mochila branca e desapareceu no caminho entre o ensaio e a casa.

"O Moche é assim um 'bad boy', alguém que domina o grupo, com o qual todos têm histórias diferentes", contou aos jornalistas, após o ensaio de imprensa, Bernardo Lourenço, 17 anos, aluno da Secundária Augusto Gomes, concelho de Matosinhos.

"O Moche representa algo de transcendente. É uma espécie de amigo imaginário", descreve, por sua vez, o encenador, Gonçalo Amorim.
Entretanto, num emaranhado de sons, texturas, cheiros e visões das histórias, as personagens passam aos objetos pessoais, e o futuro do Moche é revelado: afinal o 'bad boy' casou-se e tem quatro filhos.

"Este é um espetáculo pensado para jovens que estão num momento de procura interior. Há um diálogo e uma tensão constante entre o que sou, o aqui e agora, e o que quero fazer", descreve Gonçalo Amorim.

Refira-se que os sete jovens que integram "Mochila" foram escolhidos após uma audição que inicialmente teve entre 20 e 25 candidatos.

Segundo Gonçalo Amorim, além da triagem natural, foi determinante a resposta afirmativa e convicta à pergunta "Quem é que se quer comprometer com um projeto exigente?". Seguiram-se três meses de ensaios.

No palco, juntam-se aos sete jovens de Matosinhos, três músicos.

Uma coprodução do Teatro Experimental do Porto e do Teatro Municipal de Matosinhos que pode ser vista ainda hoje e amanhã no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery.

MOCHILA

7 abril, 18h00 e 21h30; 8 de abril, 16 horas

Encenação: Gonçalo Amorim

Dramaturgia: Jorge Louraço

Direcção de Actores: João Miguel Mota

Assistência de Encenação: Patrícia Gonçalves

Interpretação e Cocriação: Beatriz Lima, Bernardo Lourenço, Carolina Teixeira, Hugo Pesqueira, Inês Oliveira, Paola Calonio, Rita Macedo.

Cenografia e Figurinos: Catarina Barros

Assistência de Cenografia e Figurinos: Rosana Amorim

Desenho de Luz: Francisco Campos e Renato Marinho

Composição e Música ao Vivo: Gonçalo Parreirão, João Bica, João Pedro Amorim.

Preço dos bilhetes: 7,50€. Para crianças até aos 14 anos, estudantes e maiores de 65 anos: 5€, Desconto de 20% para compras superiores a 10 bilhetes