10.09.12
Recinto da Feira Medieval em Leça do Balio encheu para a principal recriação histórica dos “Hospitalários no Caminho de Santiago”.
Chegou ao fim a sétima edição de “Os Hospitalários no Caminho de Santiago”. À semelhança de anos anteriores, a Feira Medieval revelou ser um êxito. Milhares de pessoas visitaram, nos últimos quatro dias, a zona envolvente ao Mosteiro de Leça do Balio.
Classificado Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910, o Mosteiro de Leça do Balio é considerado um dos melhores exemplares arquitetónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal.
O Mosteiro de Leça do Balio tem um papel fundamental na peregrinação a Santiago de Compostela, pois, durante séculos, deu abrigo a homens e mulheres, vindos de toda a Europa, que realizavam peregrinações até Santiago de Compostela.
Este ano, cerca de um milhar de pessoas, entre artesãos, atores, animadores e coletividades, trabalharam na Feira Medieval para que nada faltasse. Aliás, em força, como sempre, estiveram as associações e coletividades de Leça do Balio que asseguraram a alimentação nas tabernas medievais, disponibilizando petiscos como as sandes de porco assado e de presunto, o pão com chouriço, as bifanas ou o caldo verde.
As receitas angariadas durante os “Hospitalários no Caminho de Santiago” reverteram, na íntegra, para as associações de Leça do Balio e para as atividades que desenvolvem ao longo do ano.
O artesanato típico da época, como as espadas, as canecas, as coroas de flores e o próprio vestuário, as barraquinhas dos doces conventuais, da ginginha, da sangria e dos crepes foram bastante procurados. S. Pedro ajudou à festa. O calor marcou presença nos “Hospitalários no Caminho de Santiago” e brindou os noivos D. Fernando e D. Leonor Teles que, ontem, dia 9 de Setembro, mais uma vez, “deram o nó”.
A 15 de Maio de 1372, o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles, no Mosteiro de Leça do Balio, naquele que foi o único casamento real realizado fora da capital.
No século XIV, Portugal travava uma guerra com Castela. Todavia, a esperança surgiu entre os portugueses quando se anunciou que D. Fernando iria casar com a filha do rei de Castela, o que fazia adivinhar a tão ansiada paz com o reino vizinho.
Porém, apaixonado pela bela Leonor Teles que, entretanto surgira na corte, D. Fernando acabou por não concretizar o matrimónio que representaria a paz. A população de Lisboa chegou a revoltar-se, levando o rei e a corte a ausentar-se da capital e a concretizar o casamento em Leça do Balio.
Um dos momentos mais conhecidos deste casamento ocorreu, após a cerimónia religiosa, quando um dos irmãos de D. Fernando se recusou a beijar a mão da nova rainha, numa clara afronta ao monarca. Tal despertou em D. Fernando uma reação violenta que só não acabou em tragédia, porque várias pessoas se colocaram entre o rei e o irmão desavindos que se viu forçado, na sequência deste episódio, a partir para o exilo.
Embora tenha sido o primeiro casamento por amor de um rei português, desta união não resultou nenhum filho varão. O trono de Portugal passou para as mãos de Castela, uma vez que, a única filha de D. Fernando e de D. Leonor, D. Beatriz, se casou com o monarca espanhol D. João I.
A anexação de Portugal a Castela originou uma forte contestação popular e uma profunda crise política (1383-85). D. João, Mestre de Avis, e irmão bastardo de D. Fernando, declara-se rei de Portugal, liderando a Dinastia de Avis, em 1385.
Pela primeira vez, a entrada na Feira Medieval teve um preço simbólico. Contudo, esta novidade em nada afetou a adesão do público e o interesse pelos usos e costumes da Idade Média.
Conteúdo atualizado em10 de setembro de 2012às 15:46
