Grande concerto de Avishai Cohen com Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música no último dia do Festival
O Festival Matosinhos em Jazz teve ontem na Praça Guilhermina Suggia mais um grande concerto, que marcou o encerramento desta edição do Festival de Jazz em 2019.
Com direção musical de Bastien Stil, e ao lado da Orquestra Sinfónica Casa da Música, o trio de Avishai juntou o mundo do jazz ao da música clássica, apresentando composições do baixista com linguagens próximas do jazz contemporâneo e das músicas do mundo, orquestrações de canções tradicionais hebraicas e ladinas e peças do repertório clássico, sempre com espaço para a improvisação. Uma experiência estimulante apresentada pela Câmara Municipal de Matosinhos e pela Casa da Música.
O trio do contrabaixista israelita Avishai Cohen com discos como Gently Disturbed (2008) e From Darkness (2015), surgiu agora em versão “sinfónica” num concerto de entrada livre que juntou milhares de pessoas no centro de Matosinhos.
Refira-se que ao longo das duas últimas décadas, o baixista, cantor, compositor e visionário do jazz Avishai Cohen conquistou um lugar de topo entre os músicos da sua geração. As suas composições refletem um universo musical amplo e abarcam uma grande mistura de tradições, culturas, línguas e estilos.
Avishai Cohen é uma das maiores referências contemporâneas no contrabaixo de jazz. O músico, compositor e vocalista israelita chegou a Nova Iorque - o centro do universo jazz - no arranque dos anos 90 e, enquanto estudava na prestigiada New School for Jazz and Contemporary Music tocou na rua para sobreviver até conseguir entrar no disputado circuito de clubes. A mudança na carreira chegou com um telefonema do grande pianista Chick Corea: em 1996, Cohen foi um dos fundadores do colectivo Origin, liderado por Corea.
From Darkness é o mais recente título na discografia do trio de Avishai Cohen, trabalho apontado como mais um extraordinário capítulo na sua busca pela pureza. Mas em 2017 o artista lançou em nome próprio 1970, trabalho que mereceu igualmente rasgados elogios por parte da imprensa internacional especializada. Não é de espantar por isso mesmo que o The Jerusalem Post descreva Avishai Cohen como "a mais bem-sucedida exportação jazz do país", o que vai ao encontro do que a revista de referência Down Beat refere em relação ao músico: "um visionário jazz de proporções globais". Já o seu antigo "patrão", Chick Corea, aponta-o como "um grande compositor" e "um músico de génio". Marcas de peso que o cantor e contrabaixista carrega consigo para o palco com um trio que o Guardian sublinha ser "fabulosamente realizado".
A origem da Orquestra que acompanhou o músico neste último concerto do Festival Matosinhos em Jazz remonta a 1947, ano em que foi constituída a Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, que desde então passou por diversas designações. Engloba um número permanente de 94 instrumentistas, o que lhe permite executar todo o repertório sinfónico desde o Classicismo ao Século XXI. É parte integrante da Fundação Casa da Música desde julho de 2006.
A Orquestra tem-se apresentado nas mais prestigiadas salas de concerto de Viena, Estrasburgo, Luxemburgo, Antuérpia, Roterdão, Valladolid, Madrid, Santiago de Compostela e Brasil, e ainda no Auditório Gulbenkian.
Recorde-se que Matosinhos voltou a acolher este ano, depois do êxito da edição de 2018, um grande festival de jazz. A edição de 2019 do Matosinhos em Jazz decorreu durante todo o mês de julho, trazendo oito concertos de jazz ao ar livre em espaços públicos da cidade, o coreto mesmo em frente ao edifício da Câmara Municipal, e a Praça Guilhermina Suggia, em Matosinhos.
Desde o início do mês passaram por Matosinhos nomes como Ricardo Toscano, Inês Pimenta, Joe Armon Jones, Bruno Pernadas, Salvador Sobral, Susana Santos Silva, Orquestra Jazz de Matosinhos com Fay Claasen, e por fim Avishai Cohen & Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música.
