Lançamento de livro e evocação da passagem dos 70 anos do naufrágio de 2 de dezembro de 1947
No dia 2 dezembro de 1947, todo o concelho de Matosinhos e, em particular a comunidade piscatória, choraram a morte de mais de 150 pescadores, que haviam partido no dia anterior. À data, nada previa o início de uma tempestade que deixou marcas que perduram até aos dias de hoje.
A Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos assinalou ontem, dia 2 de dezembro, aquela que é uma das datas mais tristes da História do concelho de Matosinhos com o lançamento do livro “Mandar abrir o Mar” da autoria de António Mendes (pinturas) e de A. Cunha e Silva.
A sessão decorreu pelas 16h30 na Casa dos Pescadores e contou com a presença do Vereador da Cultura, Fernando Rocha. A obra, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Matosinhos, foi apresentada por Fernando Sá Pereira, presidente da Associação de Comerciantes de Matosinhos e descendente de um dos pescadores que naufragou neste dia fatídico, e Mário Rêga, responsável pelo projeção do filme alusivo à tragédia.
Escreveu o autor A. Cunha e Silva, «este livro, por vezes agita-se desesperado, nas águas tormentosas e desobedientes aos pedidos piedosos contra o “Mar Maldito”. Trata-se de uma história envolvente que o pintor não só quer macerar em forma de choro, sobre o naufrágio de 1947, como faz convergir uma manifestação de afeto ao seu avô, uma espécie de sentimento pela sua presença/ausência. António Mendes formula uma intenção, acende uma luz votiva, oferece o seu trabalho com as mãos em prece ainda manchadas de tinta e, nos lábios trémulos balbucia um clamor, uma prece, que se mistura ansiosamente na “cumprição de um dever”».
