
Clássico contemporâneo da dramaturgia norte-americana
“Loucos por Amor” esteve no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery na passada sexta-feira, 26 de maio. Encenada por António Melo, a versão portuguesa do drama contou com as interpretações de Orlando Costa, João Catarré, Iolanda Laranjeiro e Frederico Amaral.
Estreada no Magic Theatre de São Francisco em fevereiro de 1983, a peça “Fool For Love/Loucos Por Amor” passou ao cinema logo a seguir. O filme de Robert Altman chegou às salas em 1985, contando com Kim Basinger e o próprio Sam Shepard nos principais papéis. “Ligações Quentes”, assim se chamou a fita em Portugal, contava também, entre outros, com Harry Dean Stanton e Randy Quaid.
“Loucos por Amor” é uma luta de amantes, uma espécie de um último “round” passado num lugar inóspito, algures num motel. É como a coreografia de uma dança de amor e raiva.
A peça de Sam Shepard, que é um clássico contemporâneo da dramaturgia norte-americana, gira em torno do triângulo amoroso formado por Eddie, May e Martin. Eddie acaba de reencontrar May, que tentava reconstruir sua vida longe dele. A relação entre o casal é cheia de conflitos, traição, acusações e violência. Neste clima tenso, surge Martin, um novo amigo de May, que se vê no fogo cruzado entre os dois amantes. Sem ser possível determinar o que é verdade e o que é mentira, surge paralelamente à cena o Velho, personagem que traz à tona o passado e confronta a memória dos personagens, falando com May e Eddie, tecendo comentários sobre cada personagem e sobre si mesmo. O Velho só existe nas mentes de Eddie e May.
É revelado durante a peça que o Velho tinha uma vida dupla, abandonando cada família por diferentes períodos da sua vida, quando May e Eddie eram crianças. Os dois tornaram-se amantes ainda no tempo em que andavam no colégio e quando finalmente se descobriu que eles tinham uma relação sexual, a mãe de Eddie matou-se. May embalou a sua mala para ir para algum lugar não especificado. O Velho entra em negação e Martin é deixado no palco, desnorteado.
A atmosfera criada por Sam Shepard em “Loucos por Amor” envolve seres humanos que parecem vaguear pelos caminhos complexos da contemporaneidade, vítimas e carrascos, agentes ativos e passivos da sua existência. Enquanto contemplam horrorizados a situação, alimentam uma existência que insiste em revelar a ausência de objetivos e metas. São seres que se entregam ao exercício da paixão, perseguindo obsessivamente experiências intensas e significados maiores para a sua vida. O espetador não tem alternativa senão identificar-se com a humanidade das falhas e dos sonhos dos personagens que se confrontam em cena consigo mesmos e com os outros.
Nascido em 1943, Sam Shepard participou como ator em inúmeros filmes e peças de teatro, assinando o argumento de obras como “Paris, Texas”, de Wim Wenders, e “Zabriskie Point”, de Michelangelo Antonioni. Nome proeminente da cultura norte-americana, é conhecido, sobretudo, como escritor e dramaturgo, tendo ganho o Prémio Pulitzer em 1979 e publicados obras como “Grande Sonho do Paraíso” e “Crónicas Americanas”.
FICHA TÉCNICA
Texto Sam Shepard
Encenação António Melo
Assistência de Encenação Tânia Alves
Elenco Orlando Costa, João Catarré, Iolanda Laranjeiro e Frederico Amaral
Desenho de Luz Almeno Gonçalves
Cenografia Salomé Martins
Fotografia de Cartaz Rui Raposo
Adaptação Vera San Payo de Lemos e João Lourenço
Figurinos e Produção Margem Narrativa
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