Um fim de semana repleto de emoções nesta sétima edição naquele que é o maior festival de literatura de viagem do país.
Foram cerca de vinte e cinco escritores e ilustradores que embarcaram na 7.ª edição do festival LeV – Literatura em Viagem, que decorreu de 24 a 26 de maio na Biblioteca Municipal Florbela Espanca e que teve como tema central a viagem ao futuro de Portugal.
Depois de ter sido suspenso no ano passado, o Festival LeV regressou a Matosinhos e voltou a a encher a Biblioteca Municipal Florbela Espanca. Teolinda Gersão, José Rentes de Carvalho, Valter Hugo Mãe, o ex-secretário de estado da Cultura Francisco José Viegas, a viúva de José Saramago, Pilar del Rio, o poeta João Luís Barreto Guimarães, ou o ficcionista Nuno Camarneiro, vencedor do prémio Leya 2002, são apenas alguns dos vinte e cinco escritores convidados para o LeV deste ano, que trouxe ainda a Matosinhos dois autores estrangeiros: a romancista e música alemã Christiane Rösinger e o poeta romeno Lucian Vasilescu.
A sessão de abertura desta 7ª edição decorreu no dia 24 de maio, pelas 21h30, no Salão Nobre com a presença do Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto e do Vereador da Cultura, Fernando Rocha, bem como com uma conferência inaugural sobre os 125 anos do nascimento de Fernando Pessoa, «Cacilhas fica noutro continente?», proferida por Jerónimo Pizarro, prémio Eduardo Lourenço 2013, seguindo-se uma Dramatização do poema «Opiário», do heterónimo de Fernando Pessoa Álvaro de Campos, com encenação de Luísa Pinto e interpretação de João Costa.
O investigador pessoano falou do poeta que dizia que a melhor maneira de viajar era sentir. Fernando Pessoa, que era um resistente à viagem, deslocava-se através da escrita, referiu Jerónimo Pizarro.
“Fernando Pessoa viajava pela Europa pela mão de Sá Carneiro, viajava ao Oriente através do opiómano [Álvaro de] Campos e viajava infinitamente no perímetro do seu próprio quarto, do seu escritório e da sua cidade, primeiramente sob a máscara de Vicente Guedes e mais tarde sob o nome de Bernardo Soares”, sublinhou.
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No sábado, 25 de maio, na Biblioteca Municipal, o itinerário marcou três mesas de debate, subordinadas aos temas "Elogio do Iberismo", "Portugal do Nosso Descontentamento" e "Viagem ao Centro do Futuro".
Pelas 11h00, o debate rondou “O elogio do Iberismo”. Será a pujança de países Sul-americanos como o Brasil e a Colômbia um bom pretexto para reforçar os laços ibero-americanos? Podem Portugal e Espanha desenvolver uma estratégia conjunta de desenvolvimento com os países com que partilham o idioma? A que distância estamos de constituir a "Jangada de pedra" de José Saramago?
Tendo como moderador Joel Cleto, foi possível ouvir o interessante confronto de ideias sobre esta temática de Pilar del Rio, Jerónimo Pizarro, Valter Hugo Mãe e Alexandra Honrado.
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Pelas 15h30, a mesa que se debruçou sobre o “ Portugal do nosso descontentamento” contou com a moderação de Pedro Marques Lopes e as intervenções de Eduardo Pitta, José Rentes de Carvalho, Francisco José Viegas e Pedro Vieira. A conversa pairou sobre:
É este o país que esperamos? O que falhou nos últimos 40 anos? Pretendeu-se debater, mais do que o papel dos políticos e dirigentes, os erros cometidos pela sociedade no seu todo. Há falta de comprometimento? Há uma cultura de desinteresse pela construção do país?
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O final do dia 25 desta 7ª edição do LeV teve como base a“ Viagem ao centro do futuro”.
Já fomos um país de comerciantes, mas hoje as opiniões dividem-se entre sermos um país de turismo, um país de serviços e até há quem defenda que podemos ser a Índia da Europa. O que esperar do nosso futuro, como nos podemos reinventar. Que papel terá a cultura e a literatura nesse futuro?
Miguel Soares moderou esta mesa que contou com a participação, o confronto e a partilha de ideias de Júlio Magalhães, Afonso Cruz, Alberto Santos e Fernando Pinto de Amaral.
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Para os mais novos, a edição deste ano trouxe uma novidade: o LeVzinho – uma espécie de LeV para os mais novos que contou com visitas dos escritores e ilustradores às escolas, oficinas de expressão plástica, hora do conto no elevador, caça ao tesouro das palavras, uma visita à exposição "O Mar", com ilustrações de Afonso Cruz, e uma mesa-redonda moderada pela escritora Adélia Carvalho, em que os alunos da Escola Básica de Leça da Palmeira debateram o tema central desta edição do Lev: a viagem ao futuro.
Na biblioteca, foi ainda possível ver duas exposições de Afonso Cruz: uma intitulada "Escritores", com 32 ilustrações que retratam alguns dos mais importantes nomes da literatura portuguesa e que esteve patente na Feira Internacional do Livro de Bogotá, que decorreu entre abril e maio e de que Portugal foi país convidado, e outra que se chama "O Livro do Ano" e que reúne algumas das imagens criadas pelo autor para a obra homónima.
Por último, junto aos espaços onde decorreram os eventos do festival, houve também espaço para uma feira do livro e um espaço ‘lounge’, onde os leitores cansados de viajar puderam usufruir de 15 minutos de massagem gratuitos com um terapeuta profissional.
