Apresentação de Pilar del Rio na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, integrada na 8ª edição do LEV- Literatura em Viagem.
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“A Janela de Saramago”, da Porto Editora, é um livro concebido pelo fotógrafo João Francisco Vilhena, com textos dos Cadernos de Lanzarote, de José Saramago, a partir do seu encontro com o escritor na ilha de Lanzarote onde José Saramago viveu até ao fim dos seus dias.
“É um livro pequeno com a dimensão de um diário, onde as cores do vulcânico estão bem presentes. Na capa encontramos só a fotografia de José Saramago e o título na contracapa”,explica o autor.
Apresentado hoje pela viúva do escritor Pilar del Rio, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, o livro aborda a aproximação da velhice e da morte, no momento em que se assinalam os quinze anos da atribuição do Prémio Nobel da Literatura.
Saramago assume-se, para Pilar del Rio, como um “português que decidiu ir para uma ilha vulcânica, preta, de pedra, para regressar à origem do mundo, à natureza, ao universo, ao princípio”. “Lanzarote é a janela de Saramago, mas é sobretudo uma ponte de comunicação para todo o mundo”, acrescentou.
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Na Galeria Municipal está patente a exposição “Lanzarote, a janela de Saramago”. São fotografias a preto e branco e sépia, montadas em sequência como fotogramas de um filme acompanhado por frases de José Saramago, tendo por base o livro homónimo editado pela Porto Editora.
A relação entre José Saramago e João Francisco Vilhena intensifica-se depois do anúncio do galardoado do Prémio Nobel da Literatura em 1998. “Vamos para Lanzarote retratar a dimensão da sua escrita. Este livro é um diário fotográfico a partir das suas frases, da sua viagem interior na ilha”, revela.
João Francisco Vilhena nasceu em Lisboa em 1965. Trabalhou como fotojornalista e colaborou com diversos jornais e revistas, em Portugal e no estrangeiro, tais como a LER, Elle, Máxima, Marie Claire, Oceanos, Visão, Grande Reportagem, COLÓQUIO/Letras, Der Spiegel, Le Monde e o suplemento cultural DNA. Foi editor fotográfico do semanário O Independente e do semanário Sol, além de diretor de arte da Tabacaria, a revista literária da Casa Fernando Pessoa. Tem realizado diversas exposições em Portugal e no estrangeiro. Assinou vários livros em coautoria. Tem participado como júri em prémios de fotografia.
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O LEV prossegue esta tarde com o seguinte programa:
Sábado, 10 de maio
Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Mesas
O mapa do corpo | 15.00
O computador introduziu uma importante mudança da relação do corpo com a escrita. Que outras mudanças estão a ocorrer nesses dois planos? Será a literatura imune ao corpo que a produz? Idade, género, compleição, saúde serão partes de um contexto sempre presente na literatura? Pode a mente ter sempre um primado sobre o corpo quando falamos de literatura? Estamos ainda pouco despertos para a escrita dos corpos?
Convidados: Miguel Miranda e Rui Lopes Graça | Moderação: Ana Sousa Dias
O mapa do quotidiano | 15.45
Num país acusado de ter uma literatura demasiado alegórica e onírica, que papel resta ao quotidiano? Terá um sonho menor grau de realidade do que um fenómeno físico? Será mais forte um retrato do real do que uma distopia literária? O filósofo alemão Markus Gabriel afirma que, «se Jesus nunca tivesse existido e não passasse de uma invenção, não seria mais do que uma ideia. Uma ideia muito mais incrível que uma galáxia longínqua».
Convidados: António-Pedro Vasconcelos e Valério Romão | Moderação: Carlos Daniel
O mapa da identidade | 16.30
Uma conversa sobre o autor e as suaspersonas. De que forma a perceção das pessoas interfere na produção literária?
Convidados: Nuno Costa Santos e Luís Miguel Rocha | Moderação: Pedro Vieira
O mapa das ideias | 17.15
Está o mundo ocidental deserto de ideias ou preso a um pensamento velho? Qual o papel da ciência, da filosofia, da literatura na renovação da cultura ocidental? Como pode comunicar a física com a literatura ou as neurociências com a filosofia? Da Vinci e Júlio Verne anteciparam conquistas da ciência: continua a literatura atenta aos atuais desafios da ciência e é notória essa influência?
Convidados: Carlos Fiolhais e Nuno Camarneiro | Moderação: Luís Caetano
O mapa da literatura | 18.00
O lugar-comum da literatura enquanto espelho de uma cor local, de uma cultura indígena, há muito que deixou de fazer sentido. Mas pode ou não o contexto influenciar a voz literária? Que relação tem a escrita com o espaço, seja ele o escritório, uma cidade ou um continente? É possível afirmar que um escritor está imune à força do território? Há filiações geográficas na literatura, ou são os escritores perfeitos átomos livres?
Convidados: Bruno Vieira Amaral, Pedro Mexia e Pilar del Rio | Moderação: Carlos Nogueira
Sessão de Homenagem
21h30 «Nasci escritor», uma homenagem a J. Rentes de Carvalho
Dividido entre Estevais e Amesterdão; descoberto tardiamente em Portugal; J. Rentes de Carvalho retrata o nosso país com a intensidade de quem o conhece como ninguém e com a acutilância de quem o observa à distância. Francisco José Viegas, Carlos Nogueira e Bruno Vieira Amaral ajudam a descobrir as fragas de que é feita a vida e a obra de J. Rentes de Carvalho.
Participantes: Bruno Vieira Amaral, Carlos Nogueira e Francisco José Viegas. Moderação de Tito Couto
Para amanhã, o programa do LEV é o seguinte:
Domingo, 11 de maio
Biblioteca Municipal Florbela Espanca
O mapa da história | 15.00
Nunca se publicaram tantos livros centrados na história portuguesa ou universal. Estamos a fazer uma reconciliação com a história? Estamos a aprender com os erros do passado? Portugal está demasiado preocupado em viver a vida olhando exclusivamente para o futuro?
Convidados: Mateus Brandão e Rui Ramos | Moderação: Francisco José Viegas
O mapa da linguagem | 15.45
Um povo pouco instruído é mais facilmente dominado pelo discurso do poder? Estará a linguagem em processo de desertificação, e a literatura é um mero oásis? A política está a desenhar uma novilíngua? Que desafios se apresentam hoje a quem comunica e reflete sobre a linguagem?
Convidados: Laborinho Lúcio | Moderação: Maria João Costa
O mapa da viagem | 16.30
Como se prepara a viagem real e a imaginada? De que forma a reportagem de viagem se deixa contaminar pela ficção? Qual o papel da linguagem na construção da viagem descrita?
Convidados: Francisco Camacho e Paulo Moura | Moderação: Pedro Vieira
Sessão de Encerramento
17h15 «Duas escritas, a mesma língua»
Como se constrói uma cumplicidade entre autor e compositor? Será a música o último grande reduto da poesia? Participantes: Mafalda Veiga, Maria do Rosário Pedreira, Miguel Araújo Jorge e Verônica Ferriani | Moderação: Tito Couto
