Fotografias do bisavô de Álvaro Siza em livro
“A faceta viajante do seu bisavô foi seguramente essencial para a visão universalista que o arquiteto Álvaro Siza tem do mundo, e o facto de Júlio Siza se ter instalado em Matosinhos permitiu que o seu bisneto seja hoje o grande embaixador de Matosinhos e esta uma cidade que se afirma cada vez mais como uma terra profundamente ligada à arquitetura”. Foi com estas palavras que a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, assinalou esta terça-feira o lançamento do livro "Entre Viagens - A história suspensa do fotógrafo Júlio Siza", que reúne um conjunto de imagens produzidas por um dos pioneiros da fotografia em Portugal.
Editado pela Câmara Municipal de Matosinhos e resultado de mais de uma década de trabalho de Teresa Siza, irmã de Álvaro Siza e ex-diretora do Centro Português de Fotografia, o livro procura também lançar luz sobre a biografia de um personagem misterioso e que a historiadora Maria do Carmo Serén definiu como “um herói neoliberal” muito antes do tempo.
Nascido em Braga, Júlio Siza andou por Georgetown (Guiana), Belém do Pará, Manaus e Madeira, instalando-se em Matosinhos apenas nos seus últimos anos de vida, na segunda década do século XX. O seu extraordinário arquivo fotográfico ficou, deste modo, guardado na gaveta da casa que a Câmara Municipal de Matosinhos adquiriu para instalar provisoriamente a Associação Casa da Arquitectura. Álvaro Siza recordou, de resto, a intervenção que, ainda jovem, fez na habitação e o modo como as histórias que ouviu contar sobre o bisavô adquiriram uma aura de mistério e heroísmo, transformando o Brasil numa espécie de mito.
Foi também Álvaro Siza Vieira a recordar que, segundo algumas fontes, Júlio Siza, premiado em pelo menos duas exposições universais, esteve também em África, atravessando o continente, de Luanda à contracosta, ao lado do pioneiro Serpa Pinto. Teresa Siza não encontrou, para já, nenhuma evidência histórica dessa viagem do bisavô, mas Luísa Salgueiro lançou o desafio para que a investigação continue e possa dar origem a um novo livro.
Aquele que agora viu a luz do dia mostra os escravos da Guiana Inglesa, índios, caçadores de ouro e cidades saídas das histórias de outros tempos, constituindo um acervo documental único e que esteve guardado durante décadas na casa da Rua Roberto Ivens onde o clã Siza viveu até ao início do século XXI. O vereador da Cultura, Fernando Rocha, recordou, de resto, a casualidade que permitiu à Câmara Municipal de Matosinhos adquirir o imóvel quando a família resolveu vendê-lo, tendo Luísa Salgueiro adiantado a intenção de reabilitar a habitação e torná-la visitável, agora que deixou de ser a sede da Associação Casa da Arquitectura.
Com um prefácio em que Álvaro Siza Vieira recorda a gaveta da casa familiar onde se acumulavam as chapas fotográficas que Júlio Siza produziu em vários pontos do mundo, "Entre Viagens - A história suspensa do fotógrafo Júlio Siza" conta com um texto da investigadora Maria do Carmo Serén e design gráfico de Andrew Howard.
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