Cinco painéis dedicados aos conflitos a não perder hoje na Biblioteca Municipal Florbela Espanca.
A 9 de maio de 2005 o então Presidente da República Portuguesa inaugurou em Matosinhos as novas instalações da Biblioteca Municipal Florbela Espanca.
Dez anos depois Jorge Sampaio regressou a Matosinhos, aos livros e aos leitores para a abertura oficial da nona edição do festival “LEV- Literatura em Viagem”, este ano dedicado ao “Conflito, ontem e hoje”. No ano em que se assinalam os 70 anos da Segunda Guerra Mundial, o festival reflete sobre a influência da escrita na cicatrização das feridas da guerra e da identidade e os conflitos- pessoais e criativos.
A sessão inaugural decorreu na noite de ontem, 8 de maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho e contou com a intervenção do ex-Presidente da República. Além do cargo que exerceu durante dez anos (1996-2006) como Chefe de Estado, Jorge Sampaio destacou-se como Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Luta contra a Tuberculose (2006-2007), Alto Representante para a Aliança das Civilizações (2007-2013) e responsável pela Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios (2013-2014).
Coube ao Presidente da Câmara dar início à primeira viagem da 9ª edição do LEV. “Todos os anos, desde que começou o LEV, nós partimos do ancoradouro de Matosinhos. Nestes dias, aqui percorremos através dos corredores literários um vasto mundo que é a tradição portuguesa de dar novos mundos ao mundo. O Dr. Jorge Sampaio, que temos honra de ter cá connosco nesta 9ª edição do Literatura em Viagem, é alguém que está a fazer a sua viagem pela vida de uma forma admirável. Um homem com uma visão do mundo muito interessante e que nunca virou as costas a tudo o que é importante para a vida dos cidadãos”, referiu Guilherme Pinto.
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Jorge Sampaio deu um testemunho das suas viagens e de alguns dos episódios mais interessantes que vivenciou enquanto Presidente da República, e também como enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para a Tuberculose e Alto Representante para a Aliança das Civilizações, num relato ora divertido, ora mais sério, cativando a plateia com as suas histórias e com uma descrição das fotos que preparou numa apresentação onde marcavam presença os mais longínquos recantos, de bairros de lata no Brasil ou Nairobi, de visitas de Estado a Marrocos ou à Rússia.
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Marcaram presença na conferência inaugural do LEV a Presidente da Assembleia Municipal, Palmira Macedo, o Vice-Presidente da Autarquia, Eduardo Pinheiro, o Vereador da Cultura Fernando Rocha e os vereadores António Correia Pinto, Lurdes Queirós e José Pedro Rodrigues.
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A primeira viagem deste LEV conquistou os seus passageiros, ficando a promessa de um fim de semana repleto de literatura em viagem.
Também ontem, foram inauguradas duas exposições. Na Galeria Municipal está patente a exposição “Viagem — Retratos”. Através da fotografia, Pedro Loureiro constrói leituras particulares dum universo de retratos tirados em várias latitudes. Este universo contém uma narrativa que eleva os retratados a personagens, protagonistas dos seus dramas e tragédias. Nesta exposição, para além das histórias contadas, da expressividade da fotografia e da aprendizagem do documentário, há o olhar de quem usa a câmara como substituto da escrita.
Em Leça da Palmeira, no Museu da Quinta de Santiago, está, desde ontem, aberta ao público a exposição “Cólofon, 500 Capas de Livros Portugueses”, numa parceria da Câmara Municipal com a ESAD IDEA- Investigação em Design e Arte.
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A exposição conduz os visitantes pela história do design gráfico e da ilustração em Portugal ao longo do século XX, exaltando a qualidade dos “capistas” portugueses e a diversidade de soluções formais e técnicas exploradas, através de obras assinadas por Bernardo Marques, Victor Palla, Sebastião Rodrigues, João Botelho, entre muitos outros.
O LEV prossegue hoje com cinco mesas redondas. O programa para hoje é o seguinte:
Sábado, 9 de maio
11.00 | Apresentação de A Invenção da Vida, de Lourença Baldaque e A Raiz do Mundo, de Francisco Ribeiro Rosa (Verso da História)
15.00 | Apresentação de Viagens Pagãs, de Fernando Dacosta (Parsifal)
15.30 | Os conflitos interiores
Como se retrata uma pessoa, uma comunidade, um povo? É possível passar ao papel uma identidade individual ou coletiva? Em que medida os tormentos interiores determinam o que acontece na esfera pública?
Convidados: Artur Domoslawski e Cătălin Dorian Florescu
Moderação: Luís Ricardo Duarte
Nota: Sessão em língua inglesa, com tradução simultânea
16.15 | Entre o latido e o miado: conflitos ancestrais
Cães e gatos estão condenados a desentender-se ou é a literatura capaz de reconciliá-los? No papel, os ódios ancestrais serão suavizados? Depois da morte das ideologias, o mundo divide-se entre cat persons e dog persons?
Convidados: Paloma Díaz-Mas e Tessa de Loo
Moderação: Sérgio Almeida
Nota: Sessão em língua inglesa, com tradução simultânea
17.00 | O mal não é um lugar-comum
Há sempre algo de espetacular no Mal. Como dizia Tolstói, «somos infelizes cada um à sua maneira» e na infelicidade não há espaço para o cliché. Será esta a razão de existirem poucos romances felizes? O mal é um conceito ultrapassado na sociedade 2.0, ou ainda temos a capacidade de nos impressionarmos?
Convidados: Joel Neto, Llucia Ramis e Marc Pastor
Moderação: Pedro Marques Lopes
Nota: Sessão em língua espanhola
18.00 | O individualismo é o sonho do mal
Há quem defenda que o inferno são os outros e que a felicidade se encontra na autonomia pura. Em que medida é este mantra do individualismo meio caminho andado para o conflito, numa sociedade marcada pela cultura televisiva e pelo triunfo do descartável? O culto do eu faz de nós seres humanos piores?
Convidados: Kim Young-Ha e Paolo Giordano
Moderação: António Reis
Nota: Sessão em língua inglesa, com tradução simultânea
21.30 | «Ao longe tudo é claro»
Moçambique, Timor, Cuba ou Brasil são alguns dos destinos que marcaram a carreira de Luís Represas. É sobre a importância da viagem e o papel da música num conflito, como o timorense, que se centrará a conversa com o autor de «Feiticeira» ou «125 azul». Pontuada pela interpretação de alguns temas acústicos, a conversa terá ainda espaço para falar da relação do músico com a literatura, quer na composição de temas para poemas de Florbela Espanca e David Mourão-Ferreira, quer como autor de histórias infantis.
Convidado: Luís Represas
Moderação: Tito Couto
