Cerca de três mil peças de olaria doadas à Câmara Municipal de Matosinhos.
A família do fotógrafo José Cristóvam Dias (1931-2014) decidiu doar ao arquivo da Câmara Municipal de Matosinhos uma coleção com cerca de três mil peças.
O protocolo de doação foi assinado hoje pelo Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Guilherme Pinto, e por Luis Filipe Cristóvam Dias, que agradeceu à Câmara Municipal de Matosinhos pela forma como acolheu estas peças “repletas de afetos”. Presente na cerimónia esteve também o Vereador da Cultura da Autarquia, Fernando Rocha, e o Vice-Presidente, Eduardo Pinheiro.
O Presidente da Câmara destacou a importância desta doação para a autarquia.
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A coleção de olaria é composta por cerca de 2700 peças de cerâmica, bem como de algumas centenas de livros e publicações sobre olaria e artesanato em geral, monografias e obras sobre Matosinhos. Aliás, algumas das peças - cerca de 60 - estão já expostas no átrio dos Paços do Concelho e integram a exposição “Cristóvam Dias. Coleção de Olaria Portuguesa”, inaugurada hoje.
As bilhas de Estremoz, os presépios de Barcelos ou os pratos de São Pedro do Corval são algumas das peças que poderá encontrar na exposição até 19 de junho.
A presença da olaria nas Festa do Senhor de Matosinhos é já uma tradição centenária. Aliás, a “Feira da Louça” ocupa um espaço privilegiado na romaria, mesmo em frente à Igreja Matriz.
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O programa das Festas do Senhor de Matosinhos dedica especial atenção a esta arte. No próximo dia 18 de junho haverá uma conferência sobre “Oleiros e ceramistas: tradição na contemporaneidade”, na Sala de Sessões Públicas da Autarquia, a partir das 15h00.
Cristóvam Dias, fotógrafo prestigiado e homem apaixonado pela cultura e tradição, viveu parte da sua vida em Matosinhos e manifestou o desejo de mostrar à comunidade esta coleção, com o intuito de relembrar os usos, costumes e técnicas de uma sociedade que tão bem conhecia. A paixão de reunir as cores, os recipientes e esculturas produzidas através do barro poderá, de certa forma, se relacionar com o fator da hereditariedade - na sua família existe um coeso historial de produtores de cerâmica.
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Nesta mostra, o sagrado e o profano, o familiar e o exótico tocam-se. Transversalmente, o visitante faz uma viagem pelos vários centros produtores do Noroeste (Viana do castelo, Barcelos, Guimarães, vila Verde), Centro Norte (Amarante, Vila Real, Resende, Tondela e Mangualde) e Sudeste Alentejano (Estremoz, Redondo, Nisa e Reguengos de Monsaraz).
As formas que atualmente são concebidas derivam de configurações antepassadas. É por esta razão que a cerâmica é um testemunho vivo das tradições. O percurso proposto vai de encontro às várias tipologias da Olaria. Apresenta-se primeiro as peças que são conhecidas por todos, a cerâmica utilitária, e termina-se naquelas que foram desenvolvidas através do recurso ao mundo do Imaginário, com um teor puramente lúdico e origens que remontam a tempos pré-históricos, o Figurado ou bonecos.
A cerâmica utilitária é, sem dúvida, a tipologia mais democrática pois é aquela que está presente em todas as casas, faz parte integrante do dia-a-dia.
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