
O Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, inaugurou no dia 18 de Setembro, na Galeria Municipal, a exposição de pintura intitulada “A-Z Entre Palavras e Imagens” da artista plástica Joana Rêgo.
Pela primeira vez na história recente da Galeria Municipal, com apenas quatro anos de existência, é realizada uma exposição individual de uma artista. A exposição apresenta outra novidade: todos os textos no catálogo da exposição foram produzidos por mulheres. Conceituadas historiadoras da arte como Fátima Lambert, Laura Castro, Emília Pinto de Almeida, Fátima Pombo e Yolanda Herranz Pascual associaram-se a esta exposição.
A presente exposição conta com vinte e três obras em acrílico, resultantes da (re) construção do alfabeto de A a Z. Para cada letra do alfabeto, Joana Rêgo constrói uma imagem: A de abrigo, P de pausa ou V de veludo são alguns dos exemplos.
Joana Rêgo nasceu no Porto em 1970. Conclui em 1995 o curso de Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e é Doutoranda pela Universidade de Vigo / Pontevedra e ESAP no Doutoramento Modos de Conhecimento Na prática Artística Contemporânea. Participou em diversas exposições individuais, entre outras, 2001- Sushi for Two, Galerie Liesbeth Lips, Rotterdam, Holanda. Exhibition, Fort Mason, San Francisco, USA. X Bienal de Cerveira, Em 2006- In the Mood For… Galeria Nuno Sacramento, Aveiro.2005- Do it Yourself, Parlamento Europeu, Bruxelas.
Em 2008 recebeu a Menção Honrosa em Pintura na1º Bienal Internacional do Montijo. Prémio de Aquisição XXIII Colectiva Sócios da Árvore. Em 2003 o 1º Prémio de Arte Erótica – ARGO, 1997- 1º Prémio de Pintura – IX Bienal de Cerveira e em 1995 o 1º Prémio de Pintura BCM´95 (ex - aequo).
Fátima Lambert escreve no catálogo “ (...) Cada tela é um depoimento autónomo; é página de um diário visual que a palavra seleccionada não arrasou, nem empobreceu ou limitou. Como ocorre com os depoimentos, associados entre si adquirem um impulso que os arrasta para direcções anteriormente impensadas. Algo de idêntico sucederá com as unidades que integram um diário recolector de imagens… traduzindo exigências que se convocam e subsumam, avançando para suposições iconológicas (não somente iconográficas) e explorando conceitos divergentes, talvez.
Cada espectador que visite a mostra poderá estipular as suas relacionalidades entre as letras, os objectos pintados e as incontornáveis ideias subjacentes...”
Fátima Pombro escreve no catálogo “ Entre Imagens e Palavras, entre imagens de A a Z que não são ilustrações de letras: a origem, o processo e o resultado desta exposição não é determinista e muito menos traduz fenómenos de causa-efeito. Sei quais as palavras que Joana Rêgo apresenta para cada letra: A de Abrigo, B de Branco, C de Coisa… até Z de Zumbido. Fixo-me em E de Etc, Q de Quase, T de Tempo, P de Pausa e V de Veludo. Não podia escolher as letras todas para mim. Há mais convidadas a escrever sobre esta exposição de enigmas conceptuais. Fiquei com o E, o Q, o T, o P e o V por três razões que neste momento já posso reconhecer e nomear: 1) estão associadas a palavras que para mim já são misteriosas por si só; 2) a obra plástica que as chama (sem as representar) facilita uma coerência, um nexo entre coisas que parecem diferentes – e que provavelmente até são – mas que fazem parte do mesmo subsolo de simultaneidades não habituais; 3) disponibilizam uma predisposição para discorrer sob o efeito de derramamento literário: no meu caso, mais narrativo do que poético. Esta exposição irmana com o discurso sem medir as palavras, entregando-se como uma prenda ao pensamento. “
Laura Castro escreve no catálogo “No início todos conhecemos, por experiência própria, o processo através do qual se aprende a ler associando palavras e imagens. Também assistimos ou ouvimos contar histórias de crianças que, procurando apenas identificar a imagem, proferem palavras que não estão lá, sendo o caso clássico, o da imagem de um veículo ao lado da palavra “automóvel” que é lida como “carro”! Pois foi esta a figura que encarnei quando, no atelier de Joana Rego, diante de cada trabalho, procurei, em silêncio, descobrir a palavra correspondente a cada tela antes de ela me ser revelada pela pintora: raramente acertei.
Nestes vinte e três trabalhos Joana Rego volta a propor-nos objectos rigorosamente representados em que traço, cor, e perspectiva contribuem para um reconhecimento isento de dúvidas sobre o que estamos a ver.”
Emília Pinto de Almeida escreve no catálogo “Elaborar um alfabeto próprio: eis o pressuposto desta nova série de trabalhos de Joana Rêgo que aqui se expõem. Um que retoma certos signos da sua obra, como o origami, as impressões digitais, as caixas, o jogo, e certos procedimentos ou operações – a seriação, o inventário, o isolamento de objectos (objecções) picturais, o recurso a uma lógica do encaixamento (“mise-en-abîme”) e da montagem, da construção. Essa, lógica lúdica, à maneira de um manual de instruções de um jogo infantil ou de bricolage: “faz-se assim”ou “pode fazer-se assim” e “faça você mesmo”.
Horário da Galeria Municipal
De Segunda a Sexta-feira das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30
Aos Sábados, Domingos e Feriados das 10h00 às 13h00 e das 15h00 às 18h00

