Em destaque as potencialidades do Mar no Desenvolvimento Turístico de Matosinhos.
O Salão Nobre dos Paços do Concelho, “a sala de visitas de Matosinhos” nas palavras do Vereador da Cultura e do Turismo, recebeu, dia 27 de março, as II Jornadas do Turismo.
Organizado pela EPROMAT – Escola Profissional Edmundo Ferreira com o apoio da Câmara Municipal, este seminário centrou-se nas “Potencialidades do Mar no Desenvolvimento Turístico de Matosinhos”.
Em representação do Presidente da Autarquia, Dr. Guilherme Pinto, ausente no estrangeiro, esteve o Vereador Fernando Rocha. Na sessão de abertura, afirmou que a “indústria do turismo está em franca evolução” e que, aos poucos, “está-se a tornar competitiva” e “um dos fatores de desenvolvimento económico do nosso país”.
“Como sabem, há muitos destinos de praia e sol. Tem que haver uma diferenciação para quem nos procura”, adiantou.
Fernando Sá Pereira, Diretor Geral da EPROMAT, salientou que Matosinhos “está numa situação privilegiada”. “O mar, as praias, a gastronomia, a proximidade com o Douro, as caves, os cruzeiros…temos todos os ingredientes para que, no turismo no norte, Matosinhos esteja no topo das nossas visitas”, afirmou.
Também Sónia Claro, Diretora Pedagógica da EPROMST, defendeu a “concertação de ideias e estratégias para um fim comum” e destacou “o enriquecimento curricular dos alunos (finalistas do Curso Profissional de Turismo) presentes”.
No primeiro painel, António Serrano, sócio-gerente da EPT tourism, abordou as potencialidades Turísticas de Matosinhos e o contributo para o Destino Porto e Norte. “Matosinhos tem muito para dar e precisa muito de receber”, realçou.
A propósito da indústria de Turismo em Matosinhos, o Vereador Fernando Rocha considerou ser importante o desenvolvimento de uma estratégia global e integrada na Área Metropolitana do Porto e na região. “O isolamento é um erro estratégico e fatal”, frisou. Contudo, entende que “a diferenciação tem que ser feita pelos nossos produtos”. “A gastronomia é um produto diferenciador. Somos a sala de refeições da Área Metropolitana ou do norte.
Temos cerca de 600 restaurantes em Matosinhos. Temos que exponenciar este potencial. Criamos o mar à mesa que, ao contrário de outros festivais gastronómicos, decorre de maio a setembro. Mas não podemos ficar por aqui”, disse.
A arquitetura contemporânea esteve igualmente em destaque, como explicou o autarca: “Temos obras emblemáticas de dois dos maiores arquitetos do mundo, vencedores do prémio Pritzker, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura, que são muito procuradas por estudantes, arquitetos e curiosos de todo o mundo. Temos vindo a promover visitas guiadas ao Salão de Chá da Boa Nova, à Piscina das Marés e à Marginal de Matosinhos. Temos participado em feiras internacionais e editado várias publicações e desdobráveis. Só no ano passado, através da Associação Casa da Arquitetura, mais de 17 mil pedidos de visita formais”.
O Senhor de Matosinhos, a romaria com mais de 600 anos, a imagem que deu origem à Igreja visitada todos os anos por milhares de pessoas, são também motivos de atração para quem nos visita.
O novo Terminal de Cruzeiros, cuja conclusão está prevista para este ano, é um investimento que já começou a dar os seus frutos. Só no ano passado, 58 navios de cruzeiros com cerca de 50 mil pessoas atracaram no cais de Leixões. “Muitos chegam com um pack comprado na origem. Uns vão ao Porto, outros a Guimarães, Braga ou Fátima, mas há uma percentagem- cerca de 10%- que não compra e opta por dar uma volta na terra onde estão.
São esses e a tripulação que temos que captar. Com o novo porto, Leixões passa a ser não só sum porto de escala, mas um porto de partidas e chegadas, o que significa que as pessoas vão ter que passar aqui uma ou duas noites. Vamos ter que ter respostas para essas pessoas”, acrescentou.
Relativamente ao contributo de Matosinhos para o destino Porto e Norte, António Cândido, Adjunto do Presidente da Entidade Regional do Turismo do Porto e Norte, referiu a importância de Matosinhos como “um destino único e diferenciador a nível nacional”, dando como exemplo o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, a obra de Nicolau Nasoni e a lenda de Cayo Carpo associada ao símbolo de Santiago de Compostela.
O segundo painel, dedicado ao Turismo e Mar, e aos desafios na organização da oferta, foi moderado por Marta Cunha, Professora de turismo na EPROMAT, consultora da EPT Tourism Engineering e docente da Porto Business School.
Em representação da Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), Marta Sá Lemos afirmou que os cruzeiros marítimos representam apenas 1,6% do negócio do porto de Leixões. “Se fosse uma questão económica, seria um terminal de contentores e não de passageiros. O porto de Leixões quer contribuir para dinamizar Matosinhos. Com o novo Terminal de Cruzeiros, passaremos a estar no cruzamento das principais regiões turísticas mundiais como a costa Oeste dos EUA e as Caraíbas, entre outras.
Matosinhos é um destino turístico de excelência, pela proximidade quer com o Porto quer com o aeroporto Francisco Sá Carneiro. O que diferencia este porto dos outros, não é a infraestrutura mas sim o destino”, concluiu.
Outra das áreas em debate foi o desenvolvimento das atividades náuticas e desportivas. Marcos Barbosa, da empresa Godzilla Surf’s Cool, manifestou a sua perspetiva em relação ao turismo em torno da prática de surf e outras modalidades do género: “O país não investe na fantástica costa que tem. É importante que os jovens acreditem nos seus projetos para dinamizar a região e que acreditem que o surf pode potencializar o seu futuro, tal como os outros desportos náuticos”.
Em termos de oportunidades de financiamento específicas para o Turismo, Miguel Mendes, do Turismo de Portugal IP, revelou que “ qualquer projeto de investimento terá que contribuir para o desenvolvimento dos objetivos estratégicos”. “O turista tem uma motivação seja ela gastronómica, religiosa, de natureza, entre outras. Devemos saber quais são as suas motivações”, declarou.
![]()
