O espetáculo ocorreu na noite de 1 de abril na sala principal do Cineteatro Constantino Nery e pretendeu homenagear Óscar da Silva, um dos maiores nomes do piano português de todos os tempos. Durante a sua longa vida (1870-1958) conheceu o sucesso como pianista e compositor na Europa, em África e nas Américas. A sua obra para piano solo é das mais extensas do panorama musical luso, e foi em grande parte publicada antes do seu falecimento. O seu espólio encontra-se, quase na sua totalidade, na Biblioteca Florbela Espanca, em Matosinhos.
Na primeira parte do concerto, Manuel Campinho, ao piano, tocou Quatro Trechos, Op. 2 (OS I/16), Valsa, Romance, Dança e Estudo, Rapsódia Portuguesa, Op. 1 (OS I/14), Nocturno (O Sonho), Op. 5 (OS I/34) e "Dona Mécia”, Novela Lírica do Séc. XIII - Sete números para piano (OS I/24). Na segunda parte, foi possível ouvir Mazurkas, Op. 9–10 (OS I/28), Op. 9, 1–4 e Op. 10, 1–4, Tarantella, Op. 7 (OS I/33), Les Petites Valses, Op. 12 (OS I/37) e a Marcha Triunfal do Centenário da Índia, Op. 3 (OS I/22).
Miguel Campinho tem-se distinguido pela promoção da música portuguesa para piano. Apresentou as premières norte-americanas de várias obras do compositor-pianista português Eurico Tomás de Lima (1908–1989). Em 2013 foi editada a sua gravação da integral das Sonatas e Sonatinas para piano deste compositor, pela editora Numérica—primeira gravação mundial. Tem apresentado também obras de Carlos Seixas (1704–1742), João Domingos Bomtempo (1775–1842), José Viana da Mota (1868–1948), Óscar da Silva (1870–1958), Armando José Fernandes (1906–1983) e Fernando Lopes Graça (1906–1994). Em 2015 publicou o ensaio "Óscar da Silva (1870–1958): Life and Solo Piano Works", onde documentou o primeiro catálogo de obras para piano deste importante compositor português. É detentor de vários prémios em Portugal, como o 1º e 2º prémios do Concurso Maria Campina, em Faro (em 2000 e 1999, respectivamente), 2º prémio nos Concursos Juventude Musical Portuguesa 1995, e 2º prémio, em música de câmara, no Prémio Jovens Músicos RDP (1996). Na Hartt School, foi o vencedor da Paranov Competition, em 2002. Em 2004, conquistou o 3º prémio na Young Artists Competition, nos EUA (organizada pela Connecticut State Music Teachers Association), e Menção Honrosa no Concurs Internacional Ricard Viñes, em Espanha. Tem atuado, a solo e em música de câmara, em Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e nos EUA. Foi solista com a Orquestra Sinfonieta, sob a direção de Omri Hadari, com a Orquestra do Norte, sob a direção de Ferreira Lobo, e com a Hartt Symphony Orchestra, sob a direção de Christopher Zimmerman. Estudou no Conservatório Calouste Gulbenkian de Braga, com a Prof. Ana Paula Carreira; na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Porto, com a Prof. Sofia Lourenço; na Hochschule der Künste, em Berlim, Alemanha, com o Prof. Laszlo Simon; e na Hartt School, University of Hartford, Connecticut, EUA, com o Prof. Luiz de Moura Castro. Nesta universidade concluiu um Master of Music, um Artist Diploma e um Doctor of Musical Arts in Piano Performance. Integrou também o 20/20 Honors Program em música de câmara. Participou em festivais e masterclasses, trabalhando com pianistas e professores como Helena Sá e Costa, Vitalij Margulis, Sequeira Costa, Dmitri Bashkirov, Martin Hughes, Klaus Hellwig, Jerome Lowenthal, Jörg Demus e Michele Campanella. No decurso dos seus estudos, recebeu bolsas de estudo e de mérito das seguintes instituições: Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto Politécnico do Porto, Projeto Sócrates/Erasmus, University of Hartford, Musical Club of Hartford (Evelyn B. Storrs Scholarship). Miguel Campinho foi aceite na Pi Kappa Lambda Honors Society, e é membro da American Liszt Society.
Próximos concertos no âmbito da temporada de Música Clássica 2016 em Matosinhos:
Quarteto de Cordas de Matosinhos / 16 de abril / 17h30 / Igreja de Lavra
Jaime Mota, Margarida Reis e Job Tome / 22 de abril / 21h30 / Cineteatro Constantino Nery – Teatro Municipal
