
Em cerimónia realizada no dia 21 de Novembro na Fábrica Pinhais, o Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, entregou a Medalha de Honra (Ouro) e o titulo de Cidadão Honorário, da cidade de Matosinhos, a António Rodrigues Pinto Pinhal Júnior.
Respeitado por todos os seus concidadãos, Antonio Pinhal é um cidadão exemplar que dignifica Matosinhos e a quem agora se prestou homenagem.
Coragem, ousadia, ambição, humildade, convicção. Visão, capacidade empresarial inata. Estas e outras características fazem de António Pinhal um exemplo para os Matosinhenses. Um orgulho para Matosinhos.
Texto da proposta do Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, aprovada por unanimidade em Reunião do Executivo
O Pai ensinou-lhe a comprar sempre sardinha da melhor qualidade. E, neste capítulo, a intransigência era total. Quando, na Lota, se deixava tentar por um preço mais acessível, logo que chegasse à fábrica, não se escapava de um raspanete. Afinal o segredo é a alma do negócio, diziam-lhe. Foi assim que, de pai para filho, ambos com o mesmo nome – à excepção do Júnior, colocado para fazer distinção, como era moda noutros tempos – passou a filosofia que ainda hoje rege criteriosamente a empresa Pinhais e Cª. a aposta na qualidade e na excelência do produto. Um produto que soube conquistar mercados e fidelizá-los.
De facto, fundada em 1920, a firma Pinhais e Cª. é uma das indústrias conserveiras que sobreviveu à crise que se instalou naquele que foi o «sector de ouro» do concelho de Matosinhos.
Esta empresa é o resultado de uma história de sucesso assinada por António Rodrigues Pinto Pinhal Júnior, nascido a 21 de Novembro de 1916, homem afoito e empreendedor que soube «beber» do seu pai a experiência empresarial acrescentando-lhe mais valias fruto do seu percurso académico, no Instituto Comercial do Porto, da sua aprendizagem de línguas, da sua cultura e da sua capacidade de todos os dias aprender, fazer e conhecer, e ainda da sua capacidade inata para o mundo dos negócios.
Esta história de sucesso começou há muito tempo atrás, quando em Matosinhos se construiu o porto de abrigo e, no seu interior, o porto de pesca. Na altura, uma boa parte da classe piscatória de Espinho veio fazer pela vida nesta terra de horizonte e mar. Dois homens, filhos de gente do mar, António Rodrigues Pinto Pinhal e o seu irmão, Manuel Rodrigues Pinto Pinhal, resolveram também deixar a terra que os viu nascer para se instalarem definitivamente em Matosinhos, a terra das novas oportunidades.
Ligados umbilicalmente á actividade piscatória, estes dois irmãos transformaram-se em negociantes de peixe. Mais tarde, bafejados pela sorte, aceitaram um desafio lançado por um banqueiro do Porto, Luis da Silva Rios, para entrar numa sociedade de fabricação de conservas de sardinha.
Os dois irmãos recém industriais, bem como o sócio banqueiro, tiveram o cuidado de escolher bons colaboradores: gente conhecedora da actividade e bons funcionários. E os frutos não se fizeram tardar. Em dois anos, as instalações da conserveira mostravam-se exíguas para o aumento da produção, sendo necessário avançar para a aquisição de um terreno de cerca de sete mil metros na Avenida Meneres. E assim se deu inicio à construção do novo edifício - sede da firma Pinhais.
Antonio Rodrigues Pinto Pinhal Júnior sempre gostou do trabalho na fábrica. De todas as etapas e de todas as tarefas. Em pouco tempo, percebeu como ninguém como é que as coisas funcionavam, quais as principais dificuldades do sector, como é que os períodos de guerra se reflectiram no escoamento de stocks e como é que a indústria conserveira conseguiria sobreviver no futuro. Em suma, tornou-se no sucessor natural do pai e do tio à frente do negócio.
Soube como ninguém tomar posição durante a II Guerra Mundial. Não se deixando ir atrás do lucro fácil ou do medo de represálias, insistiu sempre em vender as suas conservas aos Aliados, mesmo sofrendo «na pele» a dificuldade de comprar boa sardinha, que os alemães pagavam a peso de ouro às empresas conserveiras que lha vendiam.
A aposta na qualidade e a defesa dos princípios e das convicções valeram-lhe a sobrevivência da empresa nos momentos de crise e um lugar de destaque no sector que ainda hoje se mantém e que faz da Pinhais e Cº. um legado matosinhense por excelência.