
A edição de um livro sobre a Casa do Ribeirinho e a família Brito e Cunha, bem assim como a doação ao Arquivo Histórico Municipal de Matosinhos do vasto espólio documental desta histórica família, marcaram a manhã de sábado, dia 22 de Maio, numa breve cerimónia que se realizou na Sala de Sessões Pública dos Paços do Concelho e que contou com a presença do Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, do Vereador da Cultura, Fernando Rocha, do representante da Família, Rui Brito e Cunha e dos autores do livro apresentado, Rodrigo Ortigão de Oliveira e Lourenço Correia de Matos.
Num acto de cidadania e de consciência patrimonial – que importaria ser seguido por muitas outras famílias que possuem relevantes arquivos documentais, de inegável interesse patrimonial e histórico para as comunidades onde se inserem ou inseriram – a família Brito e Cunha assinou um protocolo através do qual cedeu ao Arquivo Histórico desta autarquia um conjunto documental de inegável interesse constituído por 37 caixas com documentos particulares da família.
Conjunto documental que, de resto, se encontra em grande parte na base do livro “Os Brito e Cunha de Matosinhos”, da autoria de Rodrigo Ortigão de Oliveira e Lourenço Correia de Matos, que foi igualmente apresentado nesta cerimónia. A edição desta obra contou com o apoio da Câmara Municipal.
Sobre a Casa do Ribeirinho, imóvel emblemático da cidade de Matosinhos, e sobre a família que a mandou construir e a habitou (os Brito e Cunha), produziu o Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto, as seguintes notas, com que abre o livro:
“Há nomes que são indissociáveis da Memória Colectiva de uma comunidade. Em Matosinhos, entre essas referências absolutas da História Local, emerge indiscutivelmente o nome da família Brito e Cunha. São muitos os motivos. Não me cabe, nesta breve nota introdutória, apresentar uma explicação pormenorizada para tal facto. Estou no entanto seguro que, nas páginas que seguem, o leitor vai encontrar muitas justificações. Permitam-me, contudo, sublinhar três circunstâncias: uma de cariz urbanístico e patrimonial, uma outra de pendor histórico, e uma terceira relacionada com os valores políticos, sociais e de cidadania que a todos nos deveriam nortear. Relativamente à primeira é incontornável, quando nos referimos aos aspectos paisagísticos e urbanos da zona histórica da cidade, uma referência à Casa do Ribeirinho da família Brito e Cunha - um dos mais significativos imóveis da povoação e que, na sua essência, não sofreu grandes alterações desde o século XVIII. É um monumento que nos remete, também, para a importância histórica que esta família possuiu ao longo de alguns séculos em Matosinhos e que faz com que, ainda hoje, o seu nome seja uma referência entre a comunidade. Permitam-me, no entanto, enquanto detentor de um cargo político, com responsabilidades na gestão da res publica, que evoque aqui um nome que os matosinhenses gostam de avocar como seu: o de Bernardo Brito e Cunha, personalidade que, num período muito difícil para o nosso país, se bateu pela Liberdade, não renegou os seus ideais, não fugiu e, por isso mesmo, foi condenado à morte, tendo-se imortalizado como um dos “Mártires da Liberdade”.
É de todo este Património edificado, histórico e humano que é feito este livro. Mas também dos muitos documentos que, ao longo de gerações, esta família foi produzindo. Um fundo documental relevante que, num gesto de grande altruísmo e responsabilidade cívica e social, a família Brito e Cunha depositou no Arquivo Histórico Municipal de Matosinhos. Porque a sua história é também a nossa história. Por isso mesmo, e na prossecução das linhas orientadoras da sua política cultural e editorial, a Autarquia de Matosinhos não poderia ficar indiferente à edição desta obra, em boa hora associando-se à família e à Editora Dislivro na sua concretização.”

