As Festas do Senhor de Matosinhos tiveram ontem, dia 10 de junho, um dos seus pontos altos com a Eucaristia Solene do Bom Jesus de Matosinhos, presidida por D. António Francisco dos Santos, primeira vez desde que assumiu as funções de Bispo do Porto, na Igreja Matriz. Foi assim assinalado o Feriado Municipal como um momento de “fé e de celebração”.
O Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, e a Presidente da Assembleia Municipal, Dra. Palmira Macedo, marcaram presença na Missa Solene, bem como o Vice-Presidente da Autarquia, Dr. Eduardo Pinheiro, o Vereador da Cultura e Presidente da ANCIMA, Fernando Rocha, os vereadores Dra. Joana Felício, Prof. Correia Pinto e a Dra. Lurdes Queirós, e ainda o presidente da União de Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Dr. Pedro Sousa.
Foram milhares as pessoas que se deslocaram a Matosinhos neste dia de Feriado Municipal, ficando bem patente a importância da devoção ao Senhor e a sua fama de milagreiro.
A devoção ao Senhor de Matosinhos começou no século XIV. À Imagem é atribuído um poder miraculoso de serenar as tempestades, cheias ou pestes. Multiplicam-se as procissões, nomeadamente à cidade do Porto, uma vez que ainda não havia sido construída a Igreja do Bom Jesus.
A devoção e culto ao Bom Jesus de Bouças chega a Espanha, França, Brasil…Até nas invasões francesas, já no início do século XIX, as tropas que ocupavam o Porto visitaram o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos e assistiram à romaria.
A devoção ao Senhor de Matosinhos está associada às gentes do mar. A veneração ao Senhor e a sua fama de milagreiro motivam e justificam as mais curiosas e profundas manifestações de fervor religioso do povo de Matosinhos que está habituado a sentir, como ninguém, o confronto da terra com o mar. Armadores do Porto pagavam um tributo ao Senhor de Matosinhos para que homens e embarcações regressassem sãos e salvos do mar.
Os altares de flores são uma das grandes atrações desta romaria. É notável o empenho e a dedicação dos inúmeros voluntários que promovem a decoração dos altares da igreja, com os mais artísticos e originais arranjos florais.
A Romaria ocorre num período de grande florescimento primaveril, facto que estará na base de uma das mais célebres tradições das Festas do Senhor de Matosinhos e que atraem todos os anos milhares de visitantes à Igreja do Bom Jesus - a decoração da igreja e dos seus altares com flores. Durante séculos, Matosinhos foi uma terra conhecida pela sua grande abundância de flores.
A responsabilidade da decoração de cada altar pertence a um conjunto de zeladores (geralmente mulheres) que, durante todo o ano, organiza e planeia os motivos decorativos e as flores a utilizar no “seu” altar durante o período das Festas.
Uma sensacional decoração preparada por voluntários, promovendo uma competição saudável entre as pessoas que tratam de cada um dos altares. São lindíssimas as ornamentações saídas das mãos de verdadeiros artistas anónimos, que ao longo dos anos vêm sendo alvo da curiosidade e profunda admiração de todos aqueles que nos visitam.
E em dia de feriado municipal, manda a tradição que haja fogo de bonecos. E a tradição cumpriu-se mais uma vez.
Um vasto público acorreu ao Parque 25 de Abril para assistir a esta antiga tradição. Aliás, a única festa do País que ainda mantém o fogo dos bonecos é a do Senhor de Matosinhos, o que obriga a um cuidado rigoroso no que diz respeito às regras de segurança e afastamento do público pois esta técnica praticamente não evoluiu.
É um raro espetáculo de fogo preso que apresenta figuras típicas das artes e ofícios locais. Mesmo assim, o fogo de bonecos continua a ser um espetáculo irresistível que agrada a miúdos e graúdos e a que vale a pena assistir!
Ao longo de três semanas, as principais ruas do centro de Matosinhos acolhem cerca de um milhão de visitantes. A Feira de Artesanato, a Feira da Louça, a Feira do Livro, os doces regionais, as farturas, o pão com chouriço, as bifanas, a sardinha assada, o caldo verde, os carrosséis, assim como a animação cultural, são alguns dos atrativos.
A programação cultural inclui ainda teatro, música popular e clássica, cinema, exposições, lançamento de livros, noites de fado, festivais de folclore, desfile de fanfarras e tunas académicas.